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Ponto de vista 30/06/2014

Inimigos íntimos

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Ingrid Coelho ingridrodrigues@opovo.com.br

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Ítalo Coriolano, editor-adjunto de Conjuntura

O leitor que, por algum motivo, ficou por fora dos últimos fatos políticos locais, deve ter tomado um susto diante dos discursos das principais chapas que disputarão o comando do Governo do Estado. Aliados até bem pouco tempo, ambas as candidaturas se utilizaram de argumentos que jamais nos fariam pensar que determinados nomes estiveram unidos por mais de sete anos. E o pior: abusando da hipocrisia. Na convenção de Pros, PT e cia, críticas indiretas a Eunício Oliveira por conta de sua abastada condição financeira.

“Aonde estão os barões da política do Ceará? Os milionários, boa parte deles que enricou da política? Aqui não, estão do lado de lá”, disse o governador Cid Gomes. Como se o atual chefe do Executivo estivesse a léguas de distância do poder econômico. Caso olhasse com um pouco mais de atenção para as pessoas que o rodeavam ontem no palanque, provavelmente não levado a público essa frase.

Do mesmo modo, Eunício afirma que sua postulação se coloca “contra os poderosos de plantão”. Como se ele mesmo e seu novo principal aliado, Tasso Jereissati, não fossem representantes da pequena parcela da população que concentra a maior parte da riqueza do País. Sem falar do papel fundamental que Cid Gomes teve para a eleição do peemedebista ao Senado em 2010. Não houve nenhum tipo de constrangimento em explorar a seu favor a força política do hoje adversário. Nessa batalha eleitoral, por enquanto, tem-se apenas uma certeza: não existem fracotes nem coitadinhos. Em vez de se afogarem nesse mar de contradições, talvez fosse mais produtivo para os candidatos se aterem ao campo das ideias. Munições para ataques todos têm. Muitas. Mas em quê isso contribui para um debate que, após a onda de manifestações do ano passado, precisa ser elevado a outro patamar? Que a voz das ruas não seja esquecida.

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