A tragédia que atinge o Sertão após cinco anos de seca é cada vez mais percebida na Capital. Apesar de a infraestrutura hídrica do Estado ter dado sempre prioridade ao abastecimento de Fortaleza, o governador Camilo Santana (PT) baixou decreto no qual declara situação de emergência na Cidade e outros seis municípios da Região Metropolitana. É a primeira vez na atual seca que é decretada emergência na Capital.
Além de Fortaleza, foi decretada emergência em Aquiraz, Eusébio, Horizonte, Itaitinga, Maracanaú e Maranguape. O decreto é condição para liberação de recursos federais e dá velocidade a ações emergenciais. Foi assinado pelo governador Camilo Santana (PT) e pelo novo secretário da Segurança Pública, André Costa.
Com os sete novos, chega a 137 o número de municípios em emergência. Outros sete municípios da Região Metropolitana já vinham em emergência: Cascavel, Caucaia, Chorozinho, Pacajus, Pacatuba, São Gonçalo do Amarante e São Luís do Curu.
Onde há água
Dos 153 açudes monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará (Cogerh), só 17 estão com o volume de água acima de 30% da capacidade. O Estado tem reserva hídrica de 6,48%. São 48 açudes em volume morto, além de 37 classificados como secos. De acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), chuvas precisam ocorrer nos lugares certos por, pelo menos, dois meses para que cenário se regularize.
Como O POVO mostrou neste sábado, nenhum dos três maiores açudes cearenses recebeu água com as chuvas de janeiro até aqui. Os meses de pré-estação, que antecedem fevereiro, tradicionalmente, têm chuvas irregulares.
A maioria dos locais que ainda tem ao menos 30% do volume de água está em um corredor de até 100 quilômetros do litoral. São açudes pequenos e rapidamente reabastecidos com precipitações pouco volumosas. O açude Itaúna, por exemplo, em Chaval, a 425 km de Fortaleza, é o maior deles e está com 44,77% da capacidade total, de 7,75 mil metros cúbicos — o Castanhão pode armazenar até 6,7 bilhões de metros cúbicos.
Também está nesta região o açude Gavião, por onde passa parte das águas do Orós e Castanhão para abastecer Fortaleza. O reservatório é caso excepcional. É mantido com aproximadamente 80% da capacidade, para facilitar o tratamento da água.
Irregularidade
“Uma característica nossa é a irregularidade nas chuvas. Chove tanto num período curto de tempo quanto nos mesmos locais”, explicou o meteorologista Raul Fritz, da Funceme. Ele lembrou janeiro do ano passado, quando as precipitações chegaram a quase o dobro do esperado, mas o aporte para o Estado ficou próximo a 1%.
Segundo Fritz, para a quadra chuvosa é necessário que isso se inverta. As precipitações precisam ocorrer onde as bacias hidrográficas têm rios que chegam até os principais açudes. “Dois meses seguidos de chuvas intensas e acima da média, com boa distribuição. Isso permitiria aporte hídrico que garantiria uma segurança até a próxima estação”, afirmou. (Igor Cavalcante)
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