Em apenas uma unidade prisional cearense, 426 celulares foram apreendidos esta semana. Drogas e facas artesanais também foram encontradas na Unidade Prisional Desembargador Francisco Adalberto Barros de Oliveira Leal, em Caucaia, conhecida por Carrapicho. A ação foi comandada pela Força Integrada Penitenciária de Intervenção (Fipi).
Desde o fim das rebeliões de maio, que deixaram 14 mortos e causaram sérios danos estruturais no sistema prisional, já são 1.295 aparelhos telefônicos encontrados com os presos nas unidades cearenses. Ontem, após anúncio da última apreensão, suspeitos tentaram incendiar um coletivo nas imediações da unidade inspecionada.
Para o titular da Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejus), Hélio Leitão, grande parte da comunicação externa protagonizada pelos detentos “se presta a articular crimes do lado de fora”. Se a lei que determina o bloqueio do sinal de telefonia móvel nos perímetros dos presídios cearenses começar a ser aplicada, o secretário acredita que “isso impactaria com certeza na criminalidade”. Ele destacou que a coordenadoria de inteligência da Sejus atua no combate ao crime organizado dentro do sistema prisional. Porém, não destacou as ações por motivo de segurança.
Conforme Hélio Leitão, houve um aumento na frequência de inspeções feitas nas unidades. A ampliação do efetivo, em pelo menos 50 homens, atuando no sistema possibilitou as ações repressivas. Além da aquisição de aparelhos de body scanners, que detectam “não só metal, mas outros materiais ilícitos”. A perspectiva é de que, com a Lei do “Bico”, que permitirá que os agentes trabalhem em seu horário de folga, haja incremento de 50% do efetivo, o que intensificará ainda mais as fiscalizações. A informação da Sejus é de que haja mais de dois mil agentes penitenciários no Ceará. “Não temos um número suficiente de agentes e é natural que isso faça com que o trabalho acabe de algum modo comprometido”, admitiu o secretário.
Segundo ele, após as rebeliões, os detentos estavam presos apenas pelas contenções externas, sem grades e portões de acesso. Com as reformas nas unidades em andamento, os presos já estariam dentro das contenções internas. “Não vamos arredar um milímetro no esforço de impor ordem e disciplina”, frisou.
O secretário-adjunto da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), Lauro Prado, reconhece que a comunicação de dentro dos presídios facilita o andamento dos crimes do lado de fora. “Para saber se houve entrega de droga, venda de arma, se certos crimes foram finalizados ou não”, detalhou.
Lauro Prado não acredita, entretanto, que os ataques são oriundos de ordens de organizações criminosas. “Esses fatos que têm acontecido, as pessoas querem acreditar que é parte de uma facção criminosa. Temos pessoas ligadas a organizações criminosas no Estado, mas não existe um crime organizado no Ceará”, ponderou.
No último dia 16, o governador do Estado, Camilo Santana (PT), anunciou a criação da Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado. “A criação imediata da delegacia é mais uma medida efetiva que tomamos no sentido de enfrentar os bandidos que tentam afrontar o nosso Estado”, afirmou Camilo, pelo Facebook, naquela ocasião.
Ataque a ônibus
TEMOS PESSOAS LIGADAS A ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO ESTADO, MAS NÃO EXISTE UM CRIME ORGANIZADO NO CEARÁ”
Coronel Lauro Prado , secretário-adjunto de Segurança Pública do Ceará
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Em entrevista ao O POVO, publicada no dia 19 de julho, o titular da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), Delci Teixeira, afirmou que os ataques ocorridos no Estado foram ordenados de dentro das penitenciárias.
A maioria, conforme ele, da Casa de Privação Provisória de Liberdade Professor Clodoaldo Pinto (CPPL I) , onde, no último dia 12, foram apreendidos 450 celulares.
Para Delci Teixeira, os ataques seriam uma retaliação pela redução do poder de comunicação dos detentos.
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