A decisão de tratar uma cadela de raça chow-chow diagnosticada com calazar no município de Beberibe (Litoral Leste) rendeu à veterinária Karinne Paiva, de Fortaleza, o início de um processo ético no Conselho Regional de Medicina Veterinária do Ceará (CRMV-CE). Cumprindo normas e legislações federais, o conselho entende o sacrifício do animal infectado como procedimento mais adequado. No entanto, a eutanásia de cães em estágios iniciais da doença é alvo de questionamentos no Brasil.
A presença do cachorro infectado em casa ou no canil pode oferecer riscos a pessoas mais suscetíveis, como crianças e idosos. Se não há controle adequado da carga parasitária, o vetor da doença — o mosquito-palha — pode picar o cão e infectar os humanos. É com base nestes riscos e em normas do Ministério da Saúde (ver Saiba Mais) que o CRMV-CE busca fiscalizar a atuação dos veterinários. “Temos de cumprir as normas e a legislação. A partir de denúncias, podemos iniciar processo ético para ouvir o profissional”, explica o presidente do conselho, Célio Pires Garcia.
No Brasil, não há medicamentos comercializados para o tratamento da leishmaniose visceral, também conhecida como calazar, nos cães. A prática é de recomendar a eutanásia dos animais doentes, como forma de controle da doença.
Conforme Célio Pires, existe a expectativa de aprovação de um medicamento em breve. “Estamos torcendo para que isto aconteça, pois estes casos nos constrangem. Por um lado, os médicos tratam sabendo que não podem. Por outro, nós somos penalizados se não fiscalizarmos”, explica. Ele ressalta ainda que o tratamento exigiria dedicação e compromisso do profissional e do dono do animal.
Seriedade e cuidados constantes são fundamentais para quem optar pelo tratamento, aponta a veterinária Karinne Paiva. Tela, coleira repelente e administração de medicamentos caros começam a fazer parte da rotina do animal. Com isso, é possível o controle da carga parasitária de acordo com o grau da doença diagnosticada. Alvo do processo ético, Karinne ainda será ouvida na plenária do CRMV-CE. Ela se posiciona a favor do tratamento, já realizado em países da Europa.
Alternativas
Ela recorda o juramento feito para buscar salvar os animais, além do vínculo afetivo entre os proprietários e os cães infectados. “Se for para tratar de qualquer jeito, não sou de acordo. Mas há casos em que as pessoas têm o animal como membro da família e assumem a responsabilidade”, argumenta.
Saiba mais
Karinne Paiva assinou uma declaração afirmando que a cadela seria submetida a tratamento. O documento serviu para a denúncia feita no CRMV-CE.
De acordo com a portaria nº 1.426, de 2008, assinada pelo Ministério da Saúde e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), há riscos de cães em tratamento manterem-se como reservatórios e fonte de infecção para o vetor.
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