Coração 22/04/2016

Cirurgia cardíaca pouco invasiva realizada pela 1ª vez no Ceará

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Thaís Brito cotidiano@opovo.com.br

Uma cirurgia cardiovascular minimamente invasiva com a técnica da videoscopia foi realizada pela primeira vez no Ceará na última terça-feira, 19. Popularmente conhecido como “ponte de safena” ou pontes mamárias, o procedimento de revascularização do miocárdio contou com a ajuda de microcâmera, sem necessidade da abertura do osso esterno no tórax dos pacientes. As duas pessoas operadas no Hospital Aldeota passam bem e têm previsão de alta para este fim de semana.

 

O procedimento foi feito em uma mulher de 49 anos, transferida de Belém para Fortaleza, e em um homem de 62 anos, vindo de São Luís. Ambos os pacientes sentiam dores no peito e foram diagnosticados com entupimento na artéria coronária, após exames de cateterismo. As informações são do médico Adriano Milanez, que realizou as cirurgias junto com o médico Flávio Camurça. Placas de gordura, colesterol, coágulos e outras substâncias podem levar à obstrução das artérias, com a manifestação de dores e infarto.


Com a introdução da câmera em pequenos furos no peito em vez da abertura do osso esterno, as imagens dispostas em um monitor guiam os médicos na retirada de um pedaço de artéria mamária. O enxerto é utilizado para fazer uma ponte e dar novo caminho ao sangue, substituindo a artéria com entupimento ou obstrução completa. A abertura do pericárdio, espécie de membrana que envolve o coração, também é feita por visão indireta, pela câmera.


A parte final vem com pequena incisão na altura da costela. Com este corte em tamanho semelhante ao realizado em cirurgias de apendicite, a ligação dos vasos é feita manualmente pelos cirurgiões.


Recuperação rápida

Por ser menos invasivo, o procedimento tem recuperação mais rápida em relação à cirurgia convencional. Os dois pacientes deixaram na quarta-feira a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e seguem internados. Provavelmente terão alta amanhã, informa Adriano.

 

A média é de um dia na UTI e três a quatro dias de internação no quarto do hospital. A cirurgia convencional exige de três a quatro dias na UTI e sete dias no leito antes da alta, compara o médico. “Enquanto o paciente que teve o osso (esterno) serrado volta às atividades normais cerca de três meses depois, isso acontece depois de algumas semanas neste procedimento”, explica.

 

A técnica

A videoscopia em cirurgias de revascularização do miocárdio foi a tese de doutorado de Adriano na Universidade de São Paulo (USP), iniciado em 2017. Graduado na Universidade Federal do Ceará (UFC), ele já realizou 40 procedimentos na cidade de São Paulo e na região da Baixada Santista. Esta semana, realizou pela primeira vez no Ceará.

 

A técnica de cirurgias minimamente invasivas com ajuda de câmeras tem sido estudada e aplicada no Brasil. No Ceará, há também cirurgias de troca de válvulas cardíacas por vídeo.


As pontes mamárias por videocirurgia ainda têm alto custo financeiro e não têm cobertura pelos planos de saúde ou pela rede pública. Tentativas de normatizar e popularizar o procedimento são feitas pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular. “Por diminuir o tempo de internação, é interessante para os hospitais. Mas o processo de custear deve ser mais rápido nos planos de saúde em relação ao SUS”, diz Adriano.

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