Na Fortaleza antiga, de território predominantemente plano e solo permeável, a água das chuvas encontrava jeitos mais fáceis para infiltrar até o subsolo e correr pela superfície. Como nas grandes cidades, o percurso agora é cheio de obstáculos. O asfalto dificulta a infiltração, fica mais volume para circular nas ruas. Alguns corpos hídricos foram sumindo, e a rede de drenagem tem locais onde sobra lixo e falta espaço. Assim, uma manhã de chuva é suficiente para fazer os alagamentos ressurgirem pela Capital.
Alguns pontos já são conhecidos. Como na avenida Heráclito Graça, no Centro, apontada como a nascente do riacho Pajeú e de terreno mais baixo. Ou no entorno da Lagoa da Parangaba, que extravasa em forma de alagamento na avenida Américo Barreira. Margeada por batentes e prédios, a água não encontra espaços para escoar lentamente e compensa em velocidade. Assim, o acúmulo nas ruas vem mais rápido do que a rede consegue drenar. “É como um engarrafamento”, compara Jader Santos, professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Uma semana de chuvas em janeiro já foi o lembrete de transtornos enfrentados há pelo menos 15 anos para quem trabalha na livraria Arte & Ciência, na avenida 13 de Maio, próximo à Reitoria da UFC. A água começa a acumular em poucos minutos, tomando asfalto e calçada. “A gente é muito prejudicado”, reclama o gerente Josimar Aldir.
Quando reclamam à Prefeitura, ouvem que o problema seria resolvido com uma obra complexa, envolvendo também a rede de esgotos, diz Josimar. “Mas a gente cansa de esperar, todo ano é isso. Estamos coletando dados para levar o caso à Justiça. Tentaremos pelo menos um ressarcimento pelas nossas perdas”, lamenta o gerente.
Região mais vulnerável
Os moradores da Aerolândia e do Lagamar, no Alto da Balança, também conhecem de perto os problemas dos alagamentos. A água chega a um metro acima das ruas. Próxima ao rio Cocó, a região é uma das mais vulneráveis às inundações na Capital, pontua Jader. Nas chuvas, o volume do rio e de mais da metade do escoamento de Fortaleza convergem para estes locais. “Não há boca de lobo ou sistema de drenagem suficiente para resolver o problema”, aponta.
A Prefeitura não pode intervir na rodovia federal (BR-116) ou na estadual (avenida Senador Carlos Jereissati), explica André Daher, coordenador de Obras da Secretaria Municipal da Infraestrutura (Seinf). Por isso, estão sendo concluídas obras próximas aos viadutos de acesso a Messejana e à Cidade dos Funcionários. Na rua Joaquim Enfermeiro Pinto, a obra de drenagem liga o rio Cocó à avenida Desembargador Gonzaga. A partir da avenida Frei Cirilo, as obras também chegam às ruas Newton Craveiro e Araújo Torreão.
Para a Copa de 2014, foram feitas obras de drenagem das avenidas Alberto Craveiro e Deputado Paulino Rocha. Com ajuda do Estado em ações de limpeza no rio Cocó, a expectativa é de dar mais fluidez à passagem da água na região, ressalta André.
Saiba mais
Desde 2013, a Prefeitura conclui 41 obras de drenagem, principalmente nas regionais V e VI, com o custo de R$ 118 milhões. Para 2016, a estimativa é de R$ 65 milhões destinados às intervenções. Atualmente, são 21 obras em andamento.Erro ao renderizar o portlet: Caixa Jornal De Hoje
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