“A gente percebeu que ela estava emagrecendo, que tinha alguma coisa errada.
O quadro clínico mostrava uma forte anemia, mas não sabíamos o que poderia ser”, relata a professora Alana Vasconcelos, 28, sobre a saúde da mãe, a dona de casa Edna Vasconcelos, 68. Diagnosticada com mieloma múltiplo em maio de 2016, após mielograma (exame de avaliação da medula óssea), Edna também passou a sentir dores nos ossos, um dos principais sintomas do câncer, como informou a filha. A agonia só cessou na última semana, quando a dona de casa faleceu.
“Ela já está com o Senhor, mas, durante aqueles momentos em que o Marley estava conosco, ela sorriu como há muito tempo não havia (sorrido).
Esquecemos momentaneamente da nossa dor”, lembra Alana sobre a visita do mascote da família, o cão Marley, ao hospital em que Edna estava internada. “O Marley esperava por ela em casa. E ela sempre perguntava por ele”, rememora a filha.
Devido a complicações da doença, não foi possível para a dona de casa se submeter ao tratamento. A falta do medicamento necessário para o transplante de medula, o melfalano, atrelado ao quadro clínico instável de Edna, lhe tirou a possibilidade de intervir na doença. “Ela já teve hemorragias, tivemos de ir algumas vezes à emergência. Mesmo que o remédio tivesse disponível, ela não poderia realizar o transplante”, lamenta Alana.
Falta de medicamento
Apesar de o mieloma múltiplo ser configurado como patologia crônica, há tratamento contínuo para amenizar os traços da doença. O transplante autólogo de medula, feito com as próprias células do paciente, é indicado para que o quadro clínico estabilize-se. Para a cirurgia, no entanto, é preciso que o paciente seja submetido à medicação específica, como o melfalano. Contudo, a substância está em falta no mercado devido à paralisação da produção pela empresa fabricante, a companhia farmacêutica GlaxoSmithKline (GSK).
De acordo com o Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce), órgão que acompanha pacientes antes e depois da transplantação, realizada Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), 55 pessoas estão à espera do medicamento.
A GSK informou, em nota, que o medicamento foi vendido em 2009 para outra empresa, a Aspen Pharma Indústria Farmacêutica, como parte de um acordo global. O processo de transferência, no entanto, não foi concluído. Devido à demora, a GSK assumiu a comercialização do produto até que os trâmites fossem encerrados. “Entretanto, nos últimos meses, temos enfrentado limitação na capacidade de produção do medicamento injetável 50mg / 10mL na fábrica da GSK”, atestou.
A empresa também prometeu que a retomada da produção e a liberação do produto deve chegar ao mercado brasileiro ainda no início deste ano. “Esperamos que sejam disponibilizadas tão logo seja concluído o processo de desembaraço aduaneiro e completadas as análises de qualidade necessárias”. Enquanto isso não acontece, outros 54 pacientes cearenses seguem com esperança de um tratamento possível. (Caio Faheina/especial para O POVO)
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