Um grupo de pesquisadores, incluindo brasileiros e estrangeiros, publicou uma carta na revista científica “Science” criticando o uso de peixes no controle das larvas do mosquito aedes aegypti, transmissor de doenças como dengue, zika e febre amarela.
A espécie mais utilizada para o combate ao mosquito é o Poecilia reticulata, também conhecido como “guppy” (barrigudinho) ou como “mosquito fish” (peixe mosquito).
“Diversos municípios brasileiros têm encorajado o uso de espécies não nativas do gênero Poecilia como forma de controle do aedes aegypti, uma vez que eles comem suas larvas. Essa estratégia é equivocada”, escreveram os pesquisadores na carta, sendo o principal autor o Valter M. Azevedo Santos, do Laboratório de Ictiologia, Departamento de Zoologia, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu, São Paulo.
Ainda de acordo com UOL os pesquisadores, a espécie é invasiva, e os peixes afetam a biodiversidade dos rios e lagos, diminuindo a presença de espécies nativas. O Aedes aegypti, no entanto, também é uma espécie invasiva.
O “barrigudinho” se alimenta de ovos de outras espécies. Provocando estragos, ele pode transmitir vermes aos peixes nativos. Essas interferências já foram observadas nos Estados americanos de Nevada, Wyoming e Havaí.
“O uso de espécies não nativas para manejar outros organismos não nativos também levou a consequências não intencionais, e interações positivas entre espécies invasoras podendo tornar o ambiente mais vulnerável a uma invasão secundária”, argumentaram os autores.
A equipe concluiu que se continuar com o uso dos peixes a população deverá escolher entre o “barrigudinho” ou a rica diversidade de espécies aquáticas do Brasil. “Se os políticos locais insistirem no uso de peixes para abater a população do mosquito, eles devem escolher entre a rica diversidade de espécies aquáticas do Brasil. No entanto, a eficácia de controle de mosquitos por peixes é questionável”. A equipe é formada por cinco brasileiros entre eles os professores Jean Vitule, da Universidade Federal do Paraná e Fernando Pelicice, da Universidade Federal de Tocantins.
Redação O POVO Online
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