crônica 25/09/2017 - 12h43

Um buquê de lixos

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 Um buquê de lixos

 

 

 

Noutro dia ganhei gerberas - lindas gerberas! Que não fosse o fato de estarem mortas, teria me feito o homem mais vivo do mundo. Me fez apenas vaidoso, pois mortas estavam a celebrar o interesse de uma pessoa em outra, que na ânsia de agradar, se sente no direito de participar de uma cadeia covarde, onde flores morrem para que pessoas possam dizer um "eu te amo". Ora se o capital não fede a sangue, ora cheira a gerberas, violetas, orquídeas, magnólias, tulipas, enfim... Para alcançarmos o ápice do romantismo, é necessário matar primeiro, nem que seja flores - o que nos leva a um questionamento: do que somos capazes ao alcançarmos o ápice da maldade? Em uma sociedade onde a punição maior à delinquentes é o extermínio da sua vida, e como simbolo dos apaixonados praticamos o extermínio das nossas flores, podemos concluir que em situações distintas, costumamos lidar com a morte. Mas isso não precisa ser regra, nem deve... E quando pudermos ser a exceção, sejamos! Nesse caso, da seguinte forma: que tal, ao caminho de um amor, ou mesmo ao caminho de um velório, ao invés de roubarmos a vida das flores, roubarmos a cena do improvável?! Ainda darei de presente a alguém um recipiente qualquer cheio de lixo dessa gente capaz de tudo para ser feliz, mas que não está fazendo nada que enalteça o verdadeiro sentido da vida: o viver. Você aceita um buquê de lixos colhidos ao vento, ao invés de um buquê de flores mortas? Não me leve a mal, mas dessa forma abro mão de ser romântico para ser ecologicamente responsável - o que não é menos belo. Aliás, isso é amor! Só faltou ser um poema.

 

Francisco Emanuel Sousa Lima

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