cronica 15/04/2016 - 07h46

Amor em Aquarela

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Amor em Aquarela

O céu, como um papel para aquarela, se pintava de laranja e amarelo, com um toque da brisa que beijava suas peles. Estava prestes a escurecer e o sol dava o seu último show. A beleza do mar se contrastava com as dunas e as plantas que cresciam pela areia. Cinco minutos ou uma vida toda, não sabia dizer quanto tempo passou; Era como observar uma obra de arte e se deixar levar pelas sensações, até que tudo ao seu redor desaparecesse – as horas, as preocupações e as perguntas sem respostas. Naquele momento, tudo parecia certo, certo suficiente para que seus corpos descansassem em um abraço e os sons de suas respirações se alinhassem com as ondas.

Vinte e quatro horas juntos. Vinte e quatro horas sem pensar nas contas, sem escutar o som da reforma ao lado, sem se deixar incomodar pelo cachorro do vizinho que latia para qualquer sombra ou sem pensar na infinita pilha de louças e poeiras que se acumulava pela casa. Aquela imagem gravada em suas mentes era o melhor suvenir que poderiam levar da viagem. Os dias passariam, mas a pintura continuaria com eles, refletindo a magia ainda viva que queimava seus corações.

Naquele lugar, eles estavam sozinhos e, ao mesmo tempo, estavam conectados com o universo. Coisas boas acontecem quando nos permitimos desacelerar. Sem pensar no antes ou no depois, ali, no meio de sua praia particular, deixaram suas marcas na areia e não se importavam com o vento que logo fariam desaparecê-las ou com a maré que logo cobriria suas pegadas, tudo o que importava era o agora. Estavam juntos e aquilo era mais do que suficiente.

Suspirou. Agradeceu aos céus pela exposição de arte viva. De todos os quilômetros, de todos os lugares que percorreram, aquele era especial. Não precisaram de palavras para compartilhar o que estavam sentindo, seus olhos enxergavam pelas mesmas lentes. Tudo fazia sentido. Seus braços se encontravam e se relutavam em soltar. Não se importavam se nunca mais saíssem dali, daquele lugar sem sinal para fazer ligações ou se conectar com a internet, tinham ali toda a conexão que precisavam. Aquela era a ilha, que um dia se prometeram mudar, o seu pequeno paraíso, onde poderiam respingar tintas e contar histórias lado a lado, como as coisas deveriam ser.

Precisavam partir. Assim como as areias se levantavam e eram arrastadas, eles seguiriam em frente. Fragmentos por fragmentos; A troca era mais do que justa. Carregaram as areias para dentro do carro com seus pés, mas as verdadeiras lembranças permaneciam suspensas no ar. O céu se pintou de azul escuro, mas dentro deles a luz ainda brilhava.

Depois dos rabiscos e pinturas, dos beijos e abraços, de tocarem e serem tocados pelo cenário, estavam prontos para voltar para casa.

*Ben Oliveira nasceu em 1989, morou grande parte da vida em Campo Grande (MS) e atualmente vive em Blumenau (SC). Escritor, blogueiro e jornalista por formação. Mantém o blog www.benoliveira.com

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Ben Oliveira

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