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A Comissão da Infância e Juventude do Conselho Nacional do Ministério Público (CIJ/CNMP) constatou alta probabilidade de ocorrência de novas rebeliões, com risco de vida dos internos e funcionários, no sistema socieoducativo do Ceará. A conclusão foi publicada em carta da ''Ação Nacional: Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo e Práticas Restaurativas (Sinase)'', com base em visita técnica realizada nas unidades de internação Dom Bosco, São Miguel, São Francisco, Passaré, Patativa do Assaré e Presídio Militar Aquiraz, entre os dias 23 e 27 de novembro.
Segundo o documento, foram constatadas 56 rebeliões em unidades de internação, somente neste ano. Foi também diagnosticado que, atualmente, os profissionais do sistema socioeducativo são ''insuficientes e incapacitados para lidar com a tensão diária e com as condições ruins de trabalho, em função da ausência de programas institucionais’’.
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+ Leia a carta completa da vistoria técnica
O POVO Online procurou a Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social do Ceará (STDS), que informou ter lançado, no último dia 9 de novembro, o Plano de Estabilização e Reestruturação do Sistema Socioeducativo. "Paralelamente, a STDS vem realizando as medidas acordadas com o Ministério Público Estadual e a Defensoria Pública, por meio de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), para recuperação e melhorias dos centros socioeducativos", completou, em nota.
TAC
O Governo do Estado, Defensoria Pública Geral do Estado do Ceará (DPGE) e MPCE assinaram, no último dia 17 de novembro, um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) que estipula ações e prazos para finalização de obras no sistema socioeducativo e realização de contratações. Com o documento, o Governo se comprometeu a entregar os centros educacionais de Juazeiro do Norte e Sobral até março; contratar profissionais, melhorar as condições de trabalho e promover capacitação continuada; elaborar plano de atendimento aos jovens egressos; e reformar todos os centros de Fortaleza em até 60 dias.
"Não é só o Ceará que está em profunda crise, mas hoje a situação do sistema sociodecativo daqui está em evidência por conta das rebeliões. Nós estamos acompanhando a situação, eu vou estar em todas as unidades na próxima semana justamente para saber como está sendo implementado o TAC", frisa Antônia.
Violações
Apesar do TAC, o Centro de Defesa da Criança e do Adolescente do Ceará (Cedeca) diz que as denúncias de inúmeras violações dentros dos centros permanecem. "Desde a restrição de visitas de familiares até denúncias de agressão, restrição de água potável e itens básicos, como roupa limpa, pasta de dente e papel higiênico", cita o assessor jurídico do Cedeca, Acássio Souza.
Segundo ele, duas grandes rebeliões ocorreram após a assinatura do TAC, uma no Dom Bosco e outra no Patativa do Assaré, com fuga de internos em ambos. "O termo não responde as demandas da crise atual. E a comprovação dessa análise é que as rebeliões e fugas continuam", completa.
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