29 de setembro 2018 28/09/2018 - 16h30

110 anos sem Machado de Assis, o homem que foi além de suas condições sociais.

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Fred Souza fredsouza@opovo.com.br

Descendente de escravos alforriados e nascido 1839 no Rio de Janeiro, criado no morro do Livramento, não tinha frequência à escola devido a sua condição financeira. Seu anseio pela informação parte de sua própria iniciativa destinada à leitura.  Superou além da pobreza um grave problema de saúde, sendo esse a epilepsia. Tornou-se uns dos maiores escritores brasileiros.
 
 Seu primeiro emprego foi como aprendiz, numa tipografia e os indícios do seu talento começaram a despontar aos 16 anos com a publicação dos seus primeiros versos no jornal “A Marmota Fluminense”. Em 1860, o jornalista Quintino Bocaiúva fez o convite para ser colaborador no “Diário do Rio de Janeiro”.
 
O seu casamento foi em 1869, com Carolina Augusta Xavier de Novais acontece contra a vontade de sua família devido à questão racial, por Machado de Assis ser mestiço. A união perdurou por 35 anos sem filhos. O relacionamento com Carolina trouxe crescimento intelectual ao escritor.
 
 Em 1873 foi nomeado primeiro oficial da secretaria de Estado do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas. Com progresso rápido nessa nova trajetória que seguiu, chegou a ocupar o cargo de diretor geral do Ministério da Aviação, assegurando sua estabilidade financeira,  que naquela época era difícil viver somente da literatura.
 
 Machado de Assis fundou a Academia Brasileira de Letras em 1897, da qual foi o primeiro presidente.  Seu novo estilo demonstrava interesse em personagens do povo e o próprio povo, em oposição ao romantismo representando a realidade opressora e a exclusão social. A sua criticidade deu ao escritor, o título de imortal. Com essa característica, seu amigo José de Alencar o chamava “o primeiro crítico da literatura brasileira”.
 
O movimento literário Realismo do Brasil, teve início com Machado de Assis, que  trazia a visão do cotidiano das pessoas, sentindo na pele as dificuldades de ser mestiço, pobre, gago e epilético. Nas suas obras, fazia críticas às ações humanas e a humanidade. Para a época, em 1880 o escritor retratava os contextos dos dias atuais, compreendendo o ser humano. Hoje, as suas obras se fazem presentes em escolas e nos meios acadêmicos.
 
Relembre as cinco marcantes obras do escritor
Os 5 livros que trazem as principais obras de Machado de Assis são, Dom Casmurro, O Alienista, Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba e Esaú e Jacó.  Suas considerações eram representadas por mistérios, romances, exclusão social e transformações políticas.
 
Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881)
A crítica direta feita às aparências sociais e à elite, além das relações baseadas no dinheiro, como o romance de Brás Cubas com Marcela, uma cortesã de luxo. O mais curioso e atrativo para o leitor é imaginar um narrador contando sua história depois de morto. Brás Cubas transmite as marcas de Machado de Assis em textos carregando o tom de ironia e metáforas.
 
O Alienista (1882)
Essa obra foi o marco no movimento do Realismo brasileiro, com muita ironia envolvendo hábitos e pensamentos da sociedade. Dr. Simão Bacamarte, ele determina o desfecho da história médico que estuda a loucura e cria a casa verde, um manicômio no qual algumas pessoas da cidade foram internadas. O livro abordou diversos conflitos religião e ciência, ser racional e o equilíbrio das faculdades mentais. A trama envolve o leitor com assuntos polêmicos e consegue projetar uma discussão sobre as visões que influenciam quem detém poder.
 

Quincas Borba (1891)
Um romance escrito em terceira pessoa para narrar os acontecimentos na vida de Rubião. A mudança de Rubião para o Rio de Janeiro e seu encontro com Cristiano e Sofia, o casal que se aproximará e para tirar proveito de sua ingenuidade se apossando de sua herança. Rubião não segue os conselhos do seu mestre Quincas Borba, o qual tinha o pensamento central: que na vida só os fortes sobreviverão, por serem espertos, superiores já pessoas ingênuas tendem a ser manipuladas pelos mais fortes.
 
Dom Casmurro (1899)
Lançado em 1899 “Dom Casmurro”, foi o maior romance de Machado de Assis, discorrido pela memória de Bento Santiago o “Bentinho”, sua vida amorosa com Capitu e o ciúme de seu amigo Escobar. Sua narração é carregada de sofrimento, quando ele questiona o caráter de sua amada, teria sido traído por Capitu e seu melhor amigo? Veio à tona um dos maiores mistérios jamais revelados na literatura brasileira. O destaque da obra é destinado à personagem feminina Capitu, que para os leitores ficará no imaginário para sempre: “os olhos de cigana oblíqua e dissimulada” ou “olhos de ressaca”.
  
 
Esaú e Jacó (1904)
A história dos irmãos gêmeos Pedro e Paulo são idênticos fisicamente, porém diferentes nas escolhas da vida, um optou pela carreira de Direito, outro decide cursar medicina e as diferenças não estagnam nas profissões, quando o assunto é política um escolhe ficar do lado republicano e o outro é monarquista. A mãe dos irmãos se preocupava com as brigas antes de eles nascerem, os dois não abrem mão de uma competição, até o amor da mesma mulher Flora. O romance no qual Machado de Assis disseca as mudanças políticas e sociais de sua época. A obra ocorre no período antes da Proclamação da República, uma ótima escolha para quem quer aprofundar na época que ocorreu a transição da monarquia para a República.
 

No início da velhice, Machado de Assis atravessou por diversos problemas de saúde, sendo o mais grave o câncer na língua. Sua esposa Carolina era quem cuidava dele, com a morte dela em 1904, o escritor ficou desolado e não saía mais de casa, situação que favoreceu para que ele  entrasse em depressão e o deixasse cada vez mais debilitado o seu estado de saúde.
 
 Morre Machado de Assis, um dos maiores escritores brasileiros
Em 1908 no dia 29 de setembro, Joaquim Maria Machado de Assis perde a batalha para depressão e complicações causadas pelas doenças o escritor faleceu. Sua morte teve grande repercussão por toda imprensa nacional, o jurista Rui Barbosa discursou sobre o amigo durante seu sepultamento. Seu corpo está enterrado ao lado de sua esposa, Carolina Augusto Xavier, no Cemitério de São João Batista localizado na cidade do Rio de Janeiro, onde nasceu e morou por 69 anos.

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