Ceará é o estado com o menor índice de defasagem escolar no Norte/Nordeste, segundo os dados do censo escolar de 2017, levantamento de dados estatístico-educacional realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep) anualmente.
No Brasil, a escolarização é obrigatória dos 4 aos 17 anos. Aos 4 anos a criança deve ingressar na pré-escola; aos 6 anos, no fundamental; e, aos 15, no ensino médio.
A coordenadora do Desenvolvimento Curricular da Secretaria Municipal de Educação de Maracanaú, Maria Luzivany Euzébio Freire, acredita que o alto índice se deve à falta de investimento na área educacional. "Um aspecto que contribui para esse alto número de alunos atrasados é a atenção dada à educação em muitos estados brasileiros, que acabam colocando esse direito em segundo plano. Por falta de informação, muitas vezes as famílias acabam matriculando seus filhos tardiamente nas instituições de ensino”, diz.
No Ceará, 20,20% dos alunos matriculados na rede pública de ensino, no ano passado, tinham dois ou mais anos de atraso escolar.
O ensino médio foi a etapa em que se constatou o maior índice de defasagem. Dos 98.130 alunos, 29,80% corresponde ao total dos matriculados.
Já no ensino fundamental, eram 50.920 (10%) alunos atrasados do 1° ao 5° ano e 103.497 (24,10%) do 6° ao 9° ano.
Jonathan da Silva, 18 anos, abandonou a escola a cerca de um ano, quando cursava o primeiro ano do ensino médio, após ter sido reprovado dois anos seguidos. O jovem conta que a falta de acompanhamento acaba desmotivando os alunos. “Depois que reprovei pela segunda vez queriam que estudasse a noite, com pessoas mais velha. Acho que isso foi o fator crucial para a minha desistência. Eles (a escola) não faziam nenhum acompanhamento com aqueles alunos que tinha mais dificuldade”, conta.
Os alunos do sexo masculino são quem mais estão atrasados na escola. De todos os alunos fora da faixa no Ceará, 60,46% são homens e 39,54% mulheres.
A área urbana cearense registrou um maior número de alunos atrasados em comparação com o ensino na área rural. São 220.335 e 41.579 respectivamente.
A coordenadora Maria Luzivany afirma: “Há necessidade que se ofereça escolas atraentes, bem equipadas com tecnologias para que os jovens aumentem o interesse pelo ambiente de estudos, evitando assim, o abandono e a evasão escolar”.
O ranking de defasagem no Brasil
São Paulo 10,40%
Mato Grosso 12,80%
Paraná 16,30%
Minas Gerais 16,50%
Santa Catarina 17,10%
Goiás 18,40%
Ceará 20,20%
Tocantins 22,10%
Roraima 23,00%
Rondônia 23,50%
Distrito Federal 23,70%
Espírito Santo 24,00%
Rio Grande do Sul 25,80%
Acre 27,20%
Maranhão 27,60%
Pernambuco 27,70%
Mato Grosso do Sul 28,10%
Amazonas 30,10%
Amapá 31,20%
Paraíba 32,50%
Rio de Janeiro 32,60%
Piauí 32,70%
Alagoas 33,40%
Rio Grande do Norte 34,60%
Pará 36,50%
Bahia 37,20%
Sergipe 39,90%