O número de brasileiros a favor da descriminalização do aborto cresceu 13% na comparação entre 2016 e 2017. Os dados são da pesquisa divulgada pelo Datafolha.
O levantamento mostra que 36% dos entrevistados são favoráveis a legalização do aborto no Brasil, em 2016 esse índice era de 23%. Apesar do aumento, mais da metade da população consultada, 57%, se posiciona a favor da proibição e abertura de processo judicial contra as mulheres que interrompem uma gestação, 7% não sabem ou não quiseram responder.
O coordenador do Movimento pela Vida e Não Violência (Movida), Fabiano Farias, acredita que o aumento é devido a campanhas massivas de informações inverídicas envolvendo saúde pública, e que os movimentos a favor da descriminalização do aborto é algo muito mais ideológico. “Se checarmos os números, a quantidade de morte em decorrência de aborto clandestino, não é tão grande quanto dizem. O que acontece, são políticas públicas que empurram nossos jovens ao liberalismo, o que acaba levando o Brasil a uma crise muito maior que a financeira, a crise dos valores na nossa sociedade”, declara.
A pesquisa relata que existem diferenças significativas entre o nível de instrução dos entrevistados. Entre as pessoas com ensino superior, 34% concordam com a criminalização do aborto. O índice aumenta entre aqueles que possuem apenas o ensino fundamental, chegando a 71%.
A advogada e integrante do coletivo feminista “Maria, Maria”, Samilla Fonseca, acredita que apesar do aumento de discussões sobre o assunto na sociedade, os debates ainda são superficiais. “A questão da criminalização do aborto é um debate político e vivemos um momento de polarização, a maioria das pessoas que se dizem contra a legalização tem pouco conhecimento sobre o assunto. Ser a favor da descriminalização, não é ser a favor do aborto.”, diz.
Perguntados sobre casos de gravidez que colocam as mães em risco, 61% dos entrevistados se posicionaram a favor do aborto. Quando questionados sobre a interrupção da gestação em caso estupro, o que é permitido por lei, 53% dos brasileiros disseram ser favoráveis e 42% contra, 5% não responderam ou não sabem.
As leis sobre o aborto no mundo
Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), em dois terços dos 195 países analisados, a interrupção da gravidez é permitida quando a saúde física ou psíquica da mulher está ameaçada.
Na metade desses países, a intervenção é permitida quando a gravidez é resultado de estupro ou incesto, ou, se comprovado que o feto possui malformação que pode colocar sua vida em risco. Um terço desses países leva em consideração a situação econômica ou social da mãe para permitir um aborto.
No Brasil, o aborto é permitido quando há risco de morte para a gestante, quando a gravidez resulta de estupro ou quando o feto é anencéfalo.