Nunca a comida esteve tão em alta. Nunca se falou tanto sobre comida, se produziu tantos programas de receita, se assistiu a tantos realities envolvendo chefs e cozinheiros. E por outro lado, nunca as pessoas cozinharam tão pouco aquilo que comem. Ou mesmo, buscaram saber as origens daquilo que consomem. Hoje, podemos dizer que cozinhar é quase um ato de rebeldia. E é justamente essa a premissa que Michael Pollan adota em sua série documental Cooked, disponível no serviço de streaming Netflix.
A série é inspirada no livro de mesmo nome (Cooked - Uma História Natural da Transformação, ed. Intríseca), e, assim como a obra escrita, divide-se em quatro episódios com temas diferentes: fogo, água, terra e ar. Com uma média de 45 minutos por episódio, acompanhamos em cada um deles o jornalista e professor da Universidade da Califórnia, em Berkeley, descortinar não simples receitas - aliás, não se trata de uma série para ensinar a cozinhar, mas de histórias sobre como a comida era feita antigamente, antes do reinado dos fast-foods.
Em Fogo, Michael Pollan resgata a arte de cozinhar com fogo, a forma mais primitiva de fazer comida e que possibilitou o ser humano alcançar estágios mais desenvolvidos na escala evolutiva. O churrasco é o fio condutor de cada história. Já em Água é a vez do professor trazer histórias dos cozidos e dos assados, a arte de utilizar a água como elemento unificante de sabores. Em Terra, ele visita uma aldeia no Peru para falar sobre os processos de fermentação que produz as bebidas alcoólicas e os queijos. E, em Ar, ele mostra como os pães são feitos não apenas de trigo, mas principalmente, de ar.
Os episódios são tecidos entre histórias sobre antigas formas de se cozinhar, comentários técnicos e científicos sobre a relação atual com a comida e, ainda, imagens do próprio Pollan cozinhando - às vezes até de forma meio desajeitada - em sua casa. A série é grandiosa, com fotografia impecável e belas paisagens.
A grande questão levantada por Pollan nos seus quatro episódios é a de que é a indústria que está nos afastando da cozinha e, consequentemente, da saúde, uma vez que oferece, a preços baixos, uma simulação de comida, com ingredientes baratos e de baixa qualidade, mas que não é comida de verdade. É a partir disso que, em dado momento, ao longo da série, o professor pondera: “não é a indústria que nos alimenta, mas a natureza”.
Erro ao renderizar o portlet: Caixa Jornal De Hoje
Erro: maximum recursion depth exceeded while calling a Python object
Copyright © 1997-2016