Há alternativas à construção dos viadutos do Cocó para melhorar o tráfego na região?

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MOBILIDADE URBANA

SIM - Para impedir a continuidade do desmatamento do Parque do Cocó pela Prefeitura de Fortaleza, um grupo de jovens ambientalistas e movimentos sociais de vários bairros encontra-se ali acampado há mais de 15 dias. Diante de uma cidade vitimada pela especulação imobiliária e obras desnecessárias, os jovens demostram duas alternativas. A primeira, no domínio do planejamento de cidades sustentáveis, ampliar os bosques para consumir emissões de CO2 dos carros; amenizar as inundações; arrefecer as ilhas de calor com a persistência e ampliação do asfalto; proporcionar a qualidade e disponibilidade do lençol freático e, sustentar a biodiversidade e a diversidade das paisagens. A segunda é a demarcação do Parque enquanto Unidade de Proteção integral e elaborar o Plano de Manejo, instrumentos de gestão voltados para a preservação e ampliação das funções ambientais que orientam novas e contemporâneas formas de infraestruturas urbanas. Tratam-se de ações para ampliar as áreas verdes desde a concepção de espaços democráticos, ecológicos e sociais, com a natureza na urbanidade e na mobilidade. E para aprofundar as relações sociedade-ecossistemas nos tempos de mudanças climáticas – induzidas pela indústria automobilística – e colapsos ambientais dos biomas. Um caminho, alternativas para o bem-viver urbano. Enquanto aos carros? Privilegiar transporte público, ciclovias, calçadas, ampla acessibilidade aos espaços públicos. Protegido das motosserras e pilares em concreto armado, daria lugar à pedagogia da sociobiodiversidade, pesquisa científica, trilhas, lazer, ecoturismo; para o bem-estar social e das demais manifestações de vida. Dadas as alternativas, conduzi-las através de políticas públicas com equidade e justiça ambiental, como o exemplo de resistência ao vandalismo que financeiriza e degrada a natureza.

"Privilegiar transporte público, ciclovias, calçadas, ampla acessibilidade"

Jeovah Meireles

Professor do Departamento de Geografia

da Universidade Federal do Ceará (UFC) e doutor em Geografia

NÃO - Foram estudadas dezenas de alternativas durante a fase de concepção do projeto de engenharia do cruzamento em questão, porque em obras com esse grau de complexidade não existe solução padrão que atenda todas as condicionantes da obra. Foram analisados aspectos construtivos de engenharia; interferências com a área do parque e com a infraestrutura existente no subsolo e acima dele; desapropriações; condições geotécnicas e do nível da água no subsolo; custo da obra; custo e complexidade da manutenção futura; funcionalidade da solução viária; impactos ambientais, dentre outros. A ponderação do conjunto dessas variáveis indicou a solução mais viável. A equipe de arquitetos e engenheiros da Secretaria da Infraestrutura de Fortaleza estudou por meses esse projeto, levando em conta a viabilidade técnica e ambiental das soluções. Decidimos construir dois viadutos, um sobreposto ao outro. É a opção menos dispendiosa quando se relaciona o custo ao benefício da intervenção proposta. Qualquer solução, com túneis, viadutos ou ambos, necessita da ampliação da faixa de pista para o lado oeste que adentra na área do parque, bem como nos terrenos particulares vizinhos. Nesse contexto a solução adotada foi aquela que menos interferia com o parque. Com relação à solução em túnel que se tem propalado como viável, a mesma substituiria apenas um dos viadutos, ou seja, seria uma solução mista com viaduto e túnel. Causaria grande interferência com a rede de drenagem, água, esgoto e gás. Em função das condições topográficas e geotécnicas da área, o túnel teria um comprimento de 1 quilômetro com grande parte construída abaixo do nível do mar, com custo proibitivo e sérios problemas futuros de manutenção. Essa solução foi estudada e descartada. Os viadutos são soluções amplamente usadas em grandes cidades, e se encaixam perfeitamente ao objetivo da obra. Fala-se que os viadutos das grandes cidades estão sendo demolidos. É uma meia-verdade. Em cidades onde o sistema de metrô e outros modais de transporte público já estão consolidados, apenas os grandes sistemas de pistas elevadas que se desenvolvem por quilômetros de extensão estão passando por processo de remoção. Esses projetos têm objetivos específicos de requalificação de áreas e custam fortunas em recursos públicos. Como engenheiro, especialista em grandes obras de infraestrutura, posso afirmar que fizemos a escolha mais inteligente e viável para aquele cruzamento.

"É o menos dispendioso ao se relacionar custo ao benefício da intervenção"

Samuel Dias

Secretário de Infraestrutura de Fortaleza

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JJV 03/09/2013 13:19

Particularmente, a intenção dele era a de sustentar a construção do viaduto. Não é a melhor opção, devo concordar plenamente. Mas para a nossa realidade, Fortaleza/CE, é uma das formas de minimizar o caos que é o transito na nossa cidade.

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