artigo 04/08/2014 - 18h13

Sem Tempo para Parar ou Parágrafos

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Sem Tempo para Parar ou Parágrafos

 

Guilherme Infante

 

Observando pessoas de todas as idades e diversas profissões, lamentavelmente, enxerguei o obvio – a vida anda muito rápida e quase não há tempo. Durantes alguns breves segundos fui acometido por uma linha que inicia quando completamos 18 anos, atingimos a maioridade e começamos a trabalhar. Realmente, não precisamos tanto, mas queremos muito mais. Precisamos comprar roupas, celular e queremos tomar um milk shake no shopping. Quando percebemos, dá vontade de comprar, também, o notebook do comercial, viagens para fingir ser livre e um celular melhor. Então, a gente trabalha e trabalha mais um pouco para tentar ser feliz com esses produtos. Com sussurros ao pé do ouvido, nos falam que precisamos de faculdade para ganhar mais dinheiro. Precisamos, também, continuar trabalhando para pagar nossas contas e não dá tempo de fazer tudo. Como medida desesperada, ante o tempo escasso, deixamos de dormir para estudar, trabalhar, beber e, talvez, rir de alguma babaquice e não enlouquecer. Devagar, o emprego melhora, mas não tanto. Os nossos gostos já mudaram, tudo pede mais e, sem dúvidas, vamos atrás. Novos eletrônicos, o óculos do cara do filme e festivais de comida japonesa, mexicana ou de outra nacionalidade que esteja na moda do momento. E o emprego não paga tudo sozinho. Devagar e sorrateiros como predadores, chegam as horas extras, os turnos dobrados e os trabalhos freelances que servem só para ajudar, mas se tornam uma obrigação. E o sono, já raro, se torna um luxo. Querendo enganar as necessidades básicas do corpo, tomamos litros de café no intuito de espantar o sono e nos manter acordados durante o tempo que trabalhamos para ganhar dinheiro e tentar comprar e que gostaríamos e que, supostamente, nos trará felicidade. Dessa forma, param os exercícios e começam os exageros. Começam as dores, traumas, psicoses, problemas em todos os órgãos e outras tantas patologias do corpo e da alma. Nesse momento, o verso da banda Capital Inicial faz todo sentido quando diz que a vida é bela e o paraíso é um comprimido. E vamos, assim, nos drogando com psicotrópicos e inibidores em geral. Mas não somos drogados, foi médico quem receito! Somos apenas pacientes moribundos que utilizam medicamentos para maquiar a resposta que recebemos em consequência do estilo de vida que optamos! Por fim, choramos quando percebemos que restaram apenas os filhos de pais ausentes, parcelas, doenças, famílias de fim de semana, amigos distantes e a noção de que tudo foi em vão. E mesmo assim, continuamos nessa espiral, lendo rápido, escrevendo rápido, sem dormir, sem respirar, sem parar, sem pensar, rumo ao buraco negro enquanto a vida, assim, escoa entre os dedos.
Realmente, poderia continuar escrevendo sobre a vida moderna e a força brutal que ela exerce, mas meu horário de almoço, que já acabou e preciso me apressar.

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