[an error occurred while processing this directive][an error occurred while processing this directive]
Todo sábado, uma transformação silente segue curso em Fortaleza por meio da educação e do serviço social. Os beneficiados talvez nem tenham a noção dessa pequena revolução, mas os voluntários da Associação de Estudos e Pesquisa Técnico-Científica (Apec), sim. Sábado é dia de cursos gratuitos para pessoas carentes do João XXIII e bairros vizinhos. Voluntariado e solidariedade o ano inteiro.
Cerca de 30 salas de aula da Faculdade Grande Fortaleza (FGF) recebem interessados em aprender informática, idiomas, redação e cuidados com idosos, por exemplo. Ganham material didático e aula de profissionais e estudantes universitários. É gratuito. São cerca de 40 voluntários novos a cada semestre que ingressam no projeto para ministrar as aulas, após formatação de apostilas e orientações pedagógicas.
Há um personagem que mareja os olhos ao falar do projeto e da inspiração do pai, José Liberato Barrozo Filho. Junte-se a esse olhar brilhoso um sorriso largo ao falar da Apec. O resultado é Marina Abifadel Barrozo, 31, fortalezense que cresceu no ambiente educacional. Ela, juntamente com o professor Arifran Barbosa Vidal, fundou a Apec em 2006.
“O professor Arifran tinha a experiência de trabalhar em instituições não governamentais e eu tinha a vontade de fazer voluntariado. Ele queria arrecadar alimentos e visitar instituições. Eu sugeri que trabalhássemos com o que tínhamos e com o que sabíamos fazer: dar aula”, relembra Marina.
Ela já trabalhou em outros lugares, teve outras experiências, mas a paixão pelo voluntariado não a deixou ficar muito tempo longe. “Criamos aqui um ambiente propício para trabalhar valores humanos todo o ano. É o espírito natalino de compartilhar sentimentos e talentos o ano inteiro”.
Os cursos são definidos semestralmente com base nos talentos dos professores voluntários e com os interesses da comunidade. “Temos sempre cursos de informática, idiomas, redação e escolinha de futebol. Mas já tivemos aula de fotografia e temos aula de japonês, por exemplo”. Após sete anos oferecendo cursos gratuitos à comunidade mais pobres, mais de três mil alunos já tiveram a oportunidade de saber o poder do voluntariado. O principal benefício que a Apec quer deixar em cada aluno é a autoestima e a dignidade retomadas. São poderes eficazes para superar as peças que a desigualdade social prega.
BOA CONTAMINAÇÃO
Nem sem foi assim, mas hoje os professores são uniformizados, há horários e calendário acadêmico a ser cumprido. O material didático gratuito é uma das conquistas mais recentes, afirma Marina, que pensa no futuro. “Quero estimular todas as instituições de ensino superior a abrirem suas portas ao voluntariado”.
Ela exemplifica que uma dos grandes feitos do projeto foi quando outras pessoas passaram a ser voluntários também, não só os alunos. Funcionários, professores e até alunos de outras instituições também pediram para ser voluntários. E, ressalta, foram acolhidos.
DEVOLVER
Marina orgulha-se da oportunidade de conviver desde os 17 anos no ambiente de educação, passando por diversos setores, como estagiária e profissional, na FGF. Agora, diz, é hora de retornar à sociedade as oportunidades que a vida lhe deu.
Voluntariado
Era uma festinha de Natal. E Marina nos recebeu calorosa, sorrisão aberto. Rapidamente percebi que o projeto era magnetismo para ela. E ela contagia com o entusiasmo da sua fala sobre o voluntariado. É a vida dela, é o xodó dela. Faz questão de deixar claro que não é só ela. Partilha e diz que o ouro do projeto são os voluntários. Fez uma justa pressão para que os voluntários saíssem na foto da matéria. Até nisso, senti o espírito de solidariedade de Marina, a voluntária.