Nos estábulos, cavalos de diferentes tamanhos recebem a atenção de seus tratadores. Pelo ambiente, em completo contato com a natureza, crianças se preparam, animadas, para montar os pôneis. Em um espaço central, alguém monta um cavalo branco. A elegância da cena vai desde a fluidez dos movimentos do animal, em completa harmonia com sua companheira de galope, até a postura da amazona. A paz do momento também chama atenção. “Você esquece tudo, se sente livre”, afirma a amazona Alaíde Wagner Poti, vice-presidente da Federação Equestre do Ceará, que monta desde os nove anos e, hoje, frequenta o Centro Equestre Sítio Siel Camará cinco vezes por semana.
Em setembro de 2016, o Ceará voltou a sediar uma das etapas do Campeonato Norte e Nordeste de Hipismo. Fruto dos esforços da Federação Equestre do Ceará, com apoio do Sítio Siel Camará, o retorno do Estado ao cenário do circuito, após alguns anos sem sediar a competição, mantém-se em 2017, com o Ceará mais uma vez sendo palco do campeonato. Neste contexto, que também se caracteriza pela presença de quatro hípicas – uma delas que já conta com um Clube do Pônei – o esporte segue se fortalecendo, o que estimula novos praticantes.
Foto: Camila de Almeida
Sophia Erel e Alaíde Wagner Poti, presidente e vice, respectivamente, da Federação Equestre do Ceará
A modalidade no CearáA realidade do hipismo no Ceará vai na contramão da crença (que ainda existe) de que a modalidade é inacessível e quase inexistente no Estado. Atualmente, o Ceará conta com quatro hípicas, das quais três são filiadas à Federação Equestre do Ceará, além da Polícia Montada – que desenvolve o projeto Cavaleiros do Futuro, proporcionando a jovens de baixa renda a oportunidade de praticar o esporte.
Mesmo com a pouca divulgação, e consequentemente a dificuldade para conseguir patrocínios e incentivos (o maior entrave), o Ceará é bem representado no Brasil. “Temos bons cavaleiros, bons cavalos, uma Federação com número de atletas bem significativo, terceira maior do Nordeste. E temos conquistado títulos”, explica Sophia Erel, presidente da Federação. Entre os nomes que se destacam no cenário nacional, Sophia cita Marlon Zanotelli, maranhense cuja trajetória no esporte teve início no Ceará e que, hoje, segue como o brasileiro melhor colocado no ranking mundial, na 73ª posição; e a filha Victoria Erel, bicampeã do Norte e Nordeste. “O Ceará está sempre no pódio”, afirma a presidente.
De acordo com Alaíde, vice-presidente da Federação, por fatores como o destaque desses atletas e a volta do Campeonato Norte e Nordeste para o Estado, o hipismo vem ganhando novos praticantes aqui e a procura se mantém crescente. “Esse ano que passou foi muito bom para a prática no Ceará. Temos hipismo aqui há cerca de 30 anos e as pessoas, às vezes, nem conhecem. Os Jogos Olímpicos Rio 2016 também deram outro olhar. As pessoas acham que é algo tão distante. É um esporte caro, mas é possível.”
Foto: Camila de Almeida
A partir de dois anos, crianças já podem participar da equitação lúdica
Clube do pôneiIniciativa que já existia no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, o Clube do Pônei chegou ao Ceará no ano passado, implantado pelo Centro Equestre Sítio Siel Camará. A ideia é que as crianças, que podem começar a praticar a partir dos dois anos, iniciem os treinos de forma lúdica e em um animal de tamanho apropriado. “As crianças conseguem conduzir o cavalo, pentear, encilhar, dar banho, cria uma autonomia muito grande”, conta Alaíde, cuja filha, Lara Poti, de oito anos, pratica o esporte desde os dois.
À frente do Sítio Siel Camará, as irmãs Victoria e Sarah Erel abriram o local para aulas a partir de agosto de 2015. Hoje, a hípica conta com 65 alunos, dos quais 15 são crianças. Conforme Victoria explica, a procura pelo hipismo aumentou com a chegada do Clube do Pônei. “O pônei abrange de dois até dez, 11 anos. As pessoas estão entendendo que ele dá tudo que o cavalo grande pode dar para a criança, ele salta, pode entrar em competição”, aponta a psicóloga.
Victoria destaca que, no Clube, a dinâmica das aulas é totalmente diferente, com a prática da chamada equitação lúdica. “Eles estão brincando o tempo todo e estão aprendendo. O pônei dá uma segurança muito maior na transição para o cavalo. Assim, criamos cavaleiros e amazonas mais firmes, isso diminui o risco de acidente, a insegurança e a criança e o adolescente podem aproveitar todos os benefícios que o esporte proporciona.”
Entre os benefícios, para crianças e adultos, estão o trabalho de autoestima, autoconfiança, respeito, relacionamento com o outro ser, contato com a natureza, coordenação psicomotora fina e grossa, noção do próprio corpo, lateralidade e capacidade de concentração. O hipismo é, inclusive, indicado como terapia complementar, no caso da Equoterapia, no tratamento de pessoas com Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDH), autismo, entre outros diagnósticos.
Serviço
Hípicas filiadas à Federação Equestre do Ceará
Escola de Equitação Christus - (85) 3273 2048 / www.equitacaochristus.com.br
Centro Hípico Equoterapia Chambord - (85) 99720 3214 / hipicachambord@gmail.com
Centro Equestre Sítio Siel Camará – (85) 98116 1888 / 98117 1888 / www.sitiosielcamara.com