O POVO LOUNGE 10/01/2018 - 08h00

"Tudo muda o tempo todo, mas as relações humanas são as mesmas"

Jornalista, empresária e consultora de moda, Gloria Kalil é referência em elegância para muitos. Em entrevista, a paulistana fala de seu recém-lançado livro e nos conta de que maneira as novas relações interpessoais estão dinamizando a cultura do universo corporativo
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Ana Karenyna anakarenyna@opovo.com.br
Fotos: Divulgação

Gloria Kalil criou o primeiro site de moda brasileiro no ano 2000 (www.chic.com.br) e é autora de cinco best-sellers de moda e comportamento: Chic Homem (1998); Alô Chics (2007); Chic: um guia de moda e estilo para o século XXI (2011); Viajante Chic: Dicas de viagem (2012); e Chic[érrimo] (2014). Referência em estilo e elegância no país, a expert, com gentileza, carinho e educação atendeu a revista O POVO Lounge para um bate-papo sobre o seu novo livro “Chic Profissional: Circulando e Trabalhando no Mundo Digital Globalizado”.

Na conversa, Gloria falou sobre as mudanças no ambiente corporativo, brasileirices, redes sociais e mais. Embora muito conectada com o mundo moderno — são 143 mil seguidores no perfil Instagram @gloriakalil — a jornalista, empresária e consultora de moda dispensou a formalidade da troca de e-mails e, em tempos de WhatsApp, preferiu a ligação à moda antiga. Confira!

Houve muitas mudanças de conduta no mundo corporativo?
Claro que sim, pois temos novas categorias de trabalho no mercado. Tem o formal, informal e o mega informal. Neste último, encaixam-se todas as empresas de tecnologia e internet, por exemplo, com novas possibilidades no modo de se vestir e agir. São categorias que não existiam antes. As mudanças nas roupas são incríveis, porque a maioria das empresas está indo em direção ao 'informalismo'. Se antes uma empresa não pensava em contratar uma pessoa com tatuagem, hoje é diferente. A cabeça do empresário mudou porque ele entende que pode não conseguir o jovem talento ou manter a companhia atualizada se não se adaptar. O mundo além de conectado é globalizado e é preciso abrir-se às novas maneiras de convivência.

Os executivos brasileiros pecam muito em geral em que tipo de abordagens/condutas?
Tem um capítulo do livro, na página 149, que fala muito das nossas ‘brasileirices’. O que para nós é normal pode ser visto com estranheza pelo estrangeiro como, por exemplo, a nossa informalidade com a velha mania de chamar qualquer pessoa de querida e beijar ao cumprimentar. Outro ponto é que o brasileiro e a brasileira têm um estilo próprio de pontualidade, em que aqueles dez ou vinte minutinhos de atraso não são deselegantes, mas para outras culturas, como a alemã e a britânica, são sim. O tipo de comunicação também é muito complexo em nosso País. Não é comum ir direto ao ponto e, antes disso, damos milhões de voltas quando é preciso criticar o resultado de um trabalho ou fazer advertência. O livro é cheio de exemplos sobre os assuntos e, um dos casos, é de uma brasileira que estava trabalhando para uma empresa estrangeira em que as equipes são avaliadas pelo comportamento. A equipe perdeu pontos por não ser incisiva ao criticar. Quem tem a sua cultura sabe que ela fez isso porque acredita ser mais delicado. Não nos damos conta disso e pode ser complicado numa relação corporativa globalizada.

A ideia do livro surgiu de tanto observar esse comportamento?
Sim. Pesquisas apontam que dentro de 20 anos 60% dos empregos que existem não vão existir mais. Tudo muda o tempo todo, mas as relações humanas são as mesmas. O livro é um guia para o brasileiro e a brasileira saberem lidar com o outro e observar seu comportamento antes de tomar atitudes no universo corporativo e na vida como um todo. Trato nos gêneros masculino e feminino porque, quando me refiro aos brasileiros, sinto que não estou falando das mulheres. Logo na primeira pagina do livro tem uma carta sobre isso da língua portuguesa colocar as mulheres embaixo da identidade masculina. Não gosto e, por isso, trato dessa forma.


O que nunca fazer no local de trabalho em termos de etiqueta?
Não existem regras exatas sem antes saber onde a pessoa trabalha ou com quem está lidando. O uso do celular no ambiente corporativo é sempre uma boa pauta. Costumo avaliar que, se o empresário tiver menos de 40 anos, você pode olhar para o smartphone porque ele vai estar fazendo a mesma coisa embora estejam conversando. Se for mais de 40, esqueça o celular e concentre-se no que ele está dizendo. Tem um capitulo só disso no livro e é muito interessante. Por isso, não pode haver ditadura da etiqueta porque cada lugar pede um modo diferente e peculiar de contornar as situações.

O que se deve fazer para entender o tipo de chefe e empresa em que trabalha?
Não podemos perder o outro de vista porque tudo se torna mais fácil e o conhecimento de causa evita possíveis episódios desconfortáveis. A dica é prestar atenção na personalidade, no modo de falar e nas atitudes como um todo em vez de olhar para o próprio umbigo, seja pelo narcisismo ou porque o celular mantém-nos de cabeça baixa. No livro, conto uma história que aconteceu com uma amiga fotógrafa, que viajou para fotografar répteis e durante a viagem começou a se sentir angustiada. Depois, ela entendeu que é porque, ao contrário dos mamíferos, eles não nos olham nos olhos e isso nos dá uma sensação de isolamento. Da mesma forma pode acontecer com as relações humanas com a distração da tecnologia no universo corporativo, num encontro com amigos e dentro de casa. Tem que usar e abusar das redes porque fazem parte da geração, mas com cautela.

É necessário ter esse cuidado até com o que se publica?
Sem sombra de dúvida, pois, antes do entrevistado chegar ao escritório, a empresa já acessou seu perfil e conferiu seu estilo de vida. A partir dali e das qualificações profissionais, ela pode decidir contratar ou não. Instagram e Facebook passaram a ser um complemento ao currículo, sendo fundamental ter cuidado com o que se posta. Isso acontece nas duas vertentes e a dica para o candidato é também pesquisar sobre a filosofia e estilo do seu futuro local de trabalho.

O feedback do público com o livro superaram suas expectativas?
Confesso que lançar um livro na era digital é um desafio e tanto e fiquei apreensiva no início, mas em vão. Temos a versão impressa e a e-book, porém a de papel segue sendo preferência nas vendas. Ainda bem, não é? Estava numa grande expectativa, pois fazia anos que tinha lançado o último livro. Estou muito feliz!

Chic Profissional: Circulando e Trabalhando no Mundo Digital globalizado, por Glória Kalil.
Preço: R$ 44,90
E-book R$ 29,90

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