Desde 1988, quando foi eleito vereador da Câmara Municipal de Fortaleza, a carreira parlamentar de Inácio Arruda, 57, não parou. Dois anos depois, eleito deputado estadual. Em 1994, se tornou deputado federal e foi reeleito por mais dois mandatos até 2006, ano em que se elegeu senador da República. Entre seus mandatos, disputou a Prefeitura de Fortaleza em 2000, 2004 e 2012.
O ano de 2014, no entanto, passa a marcar uma ruptura em sua carreira. Inácio viu partidos aliados do PCdoB indicarem outro nome para disputar a vaga ociosa com o fim do seu mandato no Senado. Em reviravolta no PCdoB, candidatou-se a deputado federal novamente. Não funcionou. Tasso Jereissati (PSDB) é o novo senador e Inácio não obteve votos suficientes para ser deputado novamente.
O senador faz um adendo: “a luta política não fica esperando que você pense, raciocine, demore, imediatamente temos outra responsabilidade”. A meta agora, segundo ele, é reeleger a presidente Dilma Rousseff (PT) e eleger o candidato ao Governo do Ceará Camilo Santana (PT).
Sobre a derrota nas urnas, Inácio pondera que entrou tardiamente na disputa. Sua candidatura foi anunciada após o prazo do Tribunal Superior Eleitoral de 30 de junho, por desistência do deputado João Ananias em disputar a reeleição por problemas de saúde.
“Todos (candidatos a deputado) já estavam em campanha há um ou dois anos. Isso muda muito quando você está numa posição majoritária e passa para posição proporcional. Numa eleição dessa, você tem de destacar suas ideias, propostas, opiniões. Muda o debate com a população”, afirmou Inácio.
“Foram muitos votos, mas não foram suficientes para garantir a eleição, temos de reconhecer e agradecer aos eleitores que, em pouco tempo, apoiaram nossas ideias”, destacou. Inácio angariou 55.403 mil votos. Seu companheiro de partido reeleito, o deputado federal Chico Lopes, foi o último a conquistar vaga com 80.578 votos.
Inácio prefere não palpitar se o destino teria sido diferente caso disputasse o Senado. “O cenário é totalmente diferente para a eleição majoritária. Poderia ter sido diferente, mas não é possível avaliar se você não disputa”, frisou. Para ele, a abordagem de temas junto ao eleitor muda, as composições partidárias são mais influentes e a estrutura da eleição majoritária também é um diferencial, inclusive em relação ao tempo de TV.
“Eu não iria nem disputar, só entrei por causa da dispensa do João Ananias por problemas de saúde, a o partido não quis ficar sem ter a vaga, não queria abandonar a vaga. Decidimos entrar na disputa mesmo que no segundo tempo”, ressaltou. Muita gente, no dia da votação, o parou para perguntar se ele estava concorrendo e qual era seu número de candidato, conta Inácio, ressaltando que houve eleitores que sequer souberam de sua candidatura.
Além de lutar pelo segundo turno dos candidatos do PT, Inácio ressalta que vai “honrar os mandatos” que já teve e continuar “trabalhando muito pelo Ceará”. Inácio é um dos suplentes de sua coligação e pode assumir mandato temporariamente por ausência de deputado eleito.