Renan Calheiros propõe mudança da lei da delação premiada
25/05/2016 | 08:22Um novo diálogo envolvendo o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, foi divulgado nesta quarta-feira, 25, pelo jornal 'Folha de São Paulo'. Dessa vez, as gravações mostram o cearense conversando o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Nos áudios, Renan apoia mudar a lei que trata da delação premiada de maneira a evitar que preso colabore com as investigações.
A data da conversa entre os dois não foi revelada. Ambos são alvos da investigação que apura os desvios na Petrobras. O presidente do Senado é investigado em sete inquéritos que tramitam no Supremo Tribunal Federal relativos à Lava Jato.
Conversa
Nas gravações divulgadas pelo jornal, Sérgio Machado sugere "um pacto" que seria "passar uma borracha no Brasil" e Renan responde: "antes de passar a borracha, precisa fazer três coisas, que alguns do Supremo [inaudível] fazer. Primeiro, não pode fazer delação premiada preso. Primeira coisa. Porque aí você regulamenta a delação".
Machado afirma ainda a Renan que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, estaria "mandando recado" e "querendo o seduzir" para aceitar um acordo de delação premiada. A mudança na lei de delação, mencionada por Renan, poderia beneficiar Machado caso efetivada.
Na conversa divulgada, Renan cita Aécio Neves, senador e presidente do PSDB. "Aécio está com medo. [me procurou] 'Renan, queria que você visse para mim esse negócio do Delcídio, se tem mais alguma coisa'", relatou Renan, em referência à delação de Delcídio do Amaral, que citava o senador tucano.
STF
A assessoria do STF afirmou ao jornal que o presidente do tribunal, Ricardo Lewandovski, "jamais manteve conversas sobre suposta 'transição' ou 'mudanças na legislação penal' com as pessoas citadas".
Resposta de Renan
À 'Folha' , o presidente do Senado disse que "os diálogos não revelam, não indicam, nem sugerem qualquer tentativa de interferir na Lava Jato ou soluções anômalas". "E não seria o caso, porque nada vai interferir nas investigações."
Redação O POVO Online