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Selecionado para a Mostra Competitiva Iberoamericana de Longa-Metragem do Cine Ceará, o documentário Cordilheiras ao mar - A fúria do fogo bárbaro, do jornalista Geneton Moraes Neto, é o resultado de um encontro com Glauber Rocha ocorrido em Paris no começo da década de 1980. À época estudante de cinema, Geneton voltou para o Brasil e, em Recife, filmou depoimentos de Miguel Arraes - ex-governador, derrubado pelo golpe militar - e de Francisco Julião, ex-líder das Ligas Camponesas, sobre os diálogos que os dois tiveram, no exílio, com o diretor símbolo do Cinema Novo.
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A sessão acontece no próximo domingo, 21, a partir das 18h30min, no Cine-teatro São Luiz. O POVO conversou, por email, com o diretor de Cordilheiras ao mar. Leia trechos a seguir. (Raphaelle Batista)
O POVO - Cordilheiras ao mar - A fúria do fogo bárbaro é um filme sobre Glauber Rocha que, no entanto, não trata de cinema, mas da visão dele sobre o Brasil e a política brasileira. Por que lançar luz sobre o episódio em que o cineasta foi tão criticado ao apoiar o projeto de abertura política implementada por Geisel? Tanto tempo depois, Glauber ainda não foi “perdoado” ou compreendido, na sua opinião?
Geneton Moraes Neto - O filme terminou adquirindo uma inesperada atualidade. Glauber Rocha foi crucificado, pichado e discriminado porque declarou publicamente apoio ao projeto de abertura política anunciado pelo general Ernesto Geisel. O Brasil vivia um impasse. A repressão esmagara a luta armada. Glauber enxergou no projeto de abertura um aceno, uma possibilidade de saída para um impasse histórico. Não foi compreendido. Vivia-se uma época de radicalismos. Hoje, sob outras circunstâncias, completamente distintas, o Brasil vive, também, um clima de intolerância política e de patrulhagem ideológica - algo surpreendente em tempos democráticos. A discussão dá lugar à intolerância - ou ao insulto. Neste sentido, a partir do exemplo do que ocorreu com Glauber, espero que o filme se transforme num ato público contra a intolerância.OP - O documentário recupera duas entrevistas inéditas feitas por você com o ex-governador Miguel Arraes e o ex-líder das Ligas Camponesas, Francisco Julião, e traz conversas recentes com nomes como Caetano Veloso e Fernando Gabeira. Como foi revisitar os arquivos? Por que ficaram guardados por tanto tempo?
GMN - Posso dizer, sem exagero, que Cordilheiras no Mar é um fruto tardio de um encontro marcante que tive com Glauber Rocha quando eu era estudante de Cinema, no começo dos anos 1980, em Paris, durante uma sessão especial do filme A idade da Terra - o último que ele fez. Glauber reagiu com entusiasmo à presença de estudantes brasileiros de cinema ali. A gente saiu dali com fome de imagens - querendo fazer filmes, ainda que precários. Eu poderia ter tentado uma carreira em cinema. Terminei me dedicando ao jornalismo, particularmente na TV. De qualquer maneira, fazer documentários para TV é uma maneira de fazer cinema, também. Agora, finalmente, fiz o filme que deveria ter feito antes. Tinha gravado depoimentos do ex-governador Miguel Arraes e do ex-líder da Ligas Camponesas, Francisco Julião, sobre diálogos que os dois tiveram no exílio com Glauber Rocha. Ficaram inéditos durante todo este tempo. Agora, colhi 16 novos depoimentos: posso dizer, sem exagero, que o filme reúne um timaço. Recuperei, também, gravações que fiz com nomes importantes da cena cinematográfica francesa. Em resumo: de todo este caldeirão, nasceu Cordilheiras no Mar: a Fúria do Fogo Bárbaro.OP - Para além de Glauber e a polêmica em que ele se envolveu, de que trata o filme?
GNM - O filme discute um tema que de vez em quando parece esquecido: o Brasil! A grande miragem brasileira: o eterno sonho de que floresça, aqui, um país original, capaz de emitir faíscas luminosas para o resto do planeta. O País não pode se conformar com sonhos pequenos e destinos medíocres. O Brasil tem uma vocação histórica para a grandeza e a originalidade. Glauber encarnava a grande miragem: as cordilheiras no mar - que a gente precisa enxergar, se quiser escapar da pequenez.
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