02/08/2014

Viva Gonzagão

Há exatos 25 anos, morria Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, o seu Lua, o Gonzagão. O embaixador do Nordeste bateu asas do sertão, mas deixou um rico legado
notícia 0 comentários
DictSql({'grupo': '', 'id_autor': 16694, 'email': 'camilaholanda@opovo.com.br', 'nome': 'Camila Holanda '})
Camila Holanda camilaholanda@opovo.com.br


A sanfona branca, os dedos ágeis, o chapéu de couro, a poesia amolada e os olhos sorridentes marcam os gestos e a arte do pernambucano mais cearense do País. Responsável por projetar o Nordeste para todo o Brasil, Luiz Gonzaga do Nascimento (1912-1989) bateu asas do sertão e deixou a saudade em seu lugar há exatos 25 anos. Depois de 42 dias internado no Hospital Santa Joana, em Recife (PE), uma parada cardiorrespiratória lhe sacrificou a vida, na manhã de 2 de agosto de 1989.


Símbolos do Nordeste, as narrativas do Velho Lua desenharam o retrato de um Brasil rural, repleto de feridas mal cicatrizadas, causadas pelas agruras da seca, mas também de alegrias, festas, amores, desamores, traquinagens e de muita fortaleza. As composições do trovador do sertão atravessam décadas sem perder a força e ainda dialogam com a contemporaneidade.

 Veja uma seleção de vídeos que mostram a trajetória do Gonzagão

 A sanfona branca, os dedos ágeis, o chapéu de couro, a poesia amolada e os olhos sorridentes marcam os gestos e a arte do pernambucano mais cearense do País. Responsável por projetar o Nordeste para todo o Brasil, Luiz Gonzaga do Nascimento (1912-1989) bateu asas do sertão e deixou a saudade em seu lugar há exatos 25 anos. Depois de 42 dias internado no Hospital Santa Joana, em Recife (PE), uma parada cardiorrespiratória lhe sacrificou a vida, na manhã de 2 de agosto de 1989.


Símbolos do Nordeste, as narrativas do Velho Lua desenharam o retrato de um Brasil rural, repleto de feridas mal cicatrizadas, causadas pelas agruras da seca, mas também de alegrias, festas, amores, desamores, traquinagens e de muita fortaleza. As composições do trovador do sertão atravessam décadas sem perder a força e ainda dialogam com a contemporaneidade.


O mineiro Guimarães Rosa (1908-1967) definiu bem a região do semiárido em seu Grande Sertão: veredas: “Sabe o senhor: sertão é onde o pensamento da gente se forma mais forte que o poder do lugar. Viver é muito perigoso...”. E foi em Araripe, um povoado do município de Exu, nas quebradas do sertão pernambucano, que Luiz cresceu, formou seu pensamento e se tornou homem. Mas foi bem cedo que tomou rumos de viajante, saiu a desbravar outras cidades e espalhar sua arte.


O legado do Rei do Baião influencia gerações de músicos e compositores por todo o País, atravessa décadas e é perpetrado. O cearense Raimundo Fagner é um desses músicos que levam em sua bagagem os ensinamentos do mestre. Na década de 1980, Fagner e Luiz Gonzaga se encontraram e, juntos, gravaram dois discos antológicos, chamados Luiz Gonzaga e Fagner (1984/1987).


A aproximação dos dois aconteceu em São Paulo, quando um colega de Fagner fez a ponte entre eles. “Lembro que eu dizia: ‘meu sonho é gravar com esse cara’”, conta o cantor, em entrevista por telefone, e emenda: “Ele (Luiz Gonzaga) me levou de volta pro Nordeste. Voltei o olhar, muito mais forte, para o Nordeste. Foi uma relação muito bacana, muito estreita, de fazer shows com ele. Ele me tratava como um filho”.


Depois da morte de seu Lua, a força com que a música dele chega aos ouvidos das gerações tem desacelerado e está ficando mais dispersa. Fagner assinala que uma das soluções seriam os músicos que protagonizam o forró no País “buscassem o repertório de Gonzaga” e levassem o nome do rei do baião para seus shows e discos, com novas roupagens nas músicas. “O legado dele é eterno. Para nós, nordestinos, tem uma coisa muito forte”.


O acordeonista cearense Adelson Viana compartilha da opinião de Fagner. “É um pouco triste, o meu olhar, porque muita gente acha que a música do Luiz Gonzaga é uma coisa velha, mas é o contrário, é uma coisa muito atual. Essas músicas contam as nossas histórias, porque ele falou do que o Nordeste tem, do que o Nordeste é. E vou além. Da mesma forma que os Beatles e os Rolling Stones continuam atuais, o Gonzaga também é. E isso não pode ser jogado fora”, critica. Admirador e seguidor de Luiz, Adelson lançou, ano passado, um CD Todo o Nordeste nas canções de Luiz Gonzaga e o livro O Nordeste nas canções de Luiz Gonzaga, organizado por ele, ao lado de Lucinda Azevedo e Ana Thais Feitosa. A obra conta os muitos causos protagonizados por Luiz Gonzaga e resgata as peculiaridades do nordeste brasileiro que são narradas em sua obra.


Seu Lua, rei do baião, Gonzagão. Não importa a alcunha carinhosa - e respeitosa - que seja utilizada para se referir a Luiz. O importante, e que deve ser enaltecido, é que a arte do mestre sintetiza, de forma majestosa, e imortaliza a essência de tudo o que é Nordeste, o que é Brasil.

 

MULTIMÍDIA

Confira uma seleção de vídeos feita pelo O POVO que faz um passeio pela trajetória de Gonzagão. Entrevista, músicas do disco Luiz Gonzaga e Fagner, além de um grande encontro de nomes da música brasileira.

http://migre.me/kKBL3

 

> TAGS: gonzaga luiz
espaço do leitor
Nenhum comentário ainda, seja o primeiro a comentar esta notícia.
0
Comentários
500
As informações são de responsabilidade do autor:
  • Em Breve

    Ofertas incríveis para você

    Aguarde

Erro ao renderizar o portlet: Caixa Jornal De Hoje

Erro: maximum recursion depth exceeded while calling a Python object

ACOMPANHE O POVO NAS REDES SOCIAIS

Erro ao renderizar o portlet: Barra Sites do Grupo

Erro: <urlopen error [Errno 110] Tempo esgotado para conexão>

O POVO Entretenimento | Vida & Arte