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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou a taxa básica de juros (Selic) da economia pela sétima vez consecutiva. As previsões do mercado se confirmaram e a taxa passou de 13,75% para até 14,25% ao ano, a maior desde agosto de 2006 (14,75% ao ano). Dólar alto e preços administrados pressionando a inflação contribuíram para a decisão.
Copom sinaliza manutenção da Selic nas próximas reuniõesDólar tem 1ª queda em 6 dias; Bovespa sobe
O professor e coordenador da Comissão de Política Econômica do Conselho Regional de Economia do Distrito Federal, José Luiz Pagnussat, afirma que o BC só tem esse instrumento para conter a inflação. Explica que com a alta dos juros o consumo tende a cair, o crédito fica mais caro e a demanda cai, gerando maior oferta e fazendo os preços cair. Ele diz que o dólar alto também está pressionando a inflação, por isso novas altas de juros poderão ocorrer. “Tudo vai depender do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de julho e agosto”, diz o professor.
O presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), Allisson Martins, avalia que a estratégia de combate a inflação, via elevação da taxa de juros, não vem surtindo os efeitos desejados, haja vista que o índice continua persistente, mesmo com a taxa Selic ascendente nos últimos meses. “A inflação observada é sobretudo em razão da elevação dos preços administrados, a exemplo da energia elétrica e combustíveis”.
O economista e consultor Henrique Marinho avalia que a taxa Selic é o mais importante instrumento de política monetária para controle da inflação. “Nesse momento de incertezas econômicas, a pressão a ser exercida pelo BC é maior”.
Marinho concorda que a elevação da taxa provocará mais recessão, mas destaca que a missão do BC é controlar a inflação. Ele lembra que, nesse momento, a revisão da meta fiscal deixará a missão de controle inflacionário ainda mais difícil para a autoridade monetária.
Na análise do mestre em Economia Gregório Matias, em períodos de inflação alta, como agora, os juros são elevados a fim de reduzir a demanda e, com isso, reduzir a inflação. Considera que hoje o Brasil não tem uma inflação de demanda, mas uma inflação ocasionada por aumento de preços administrados e impostos, que estavam sendo contidos nos últimos anos. “Como o governo, e falo isso acerca dos três poderes, mostra-se incapaz de controlar seus gastos, cobra a conta de quem produz”.
O diretor executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, lembra que a subida da Selic também serviria para atrair investidores, fazendo com que mais dólares entrem no País e fazendo a cotação da moeda cair – o que alivia a inflação.
Saiba mais
S&P revisa notas
A agência de classificação de riscos Standard & Poor’s reafirmou a nota mas revisou para negativas as perspectivas de 21 empresas, dentre elas AmBev, Comgás, Votorantim, Net e Itaipu Binacional.Vale e Natura já tinham notas em perspectiva negativa que ficam como estavam. O relatório da S&P analisa 32 companhias brasileiras.
A mudança considera a alteração da perspectiva da nota de risco brasileira para negativa, o que deixa o país mais perto de perder o selo de bom pagador. Na escala de classificação da S&P, o Brasil tem a nota BBB-, apenas uma acima do grau especulativo.
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