Três militantes do movimento feminista de Brasília aproveitam a irreverência característica do carnaval para chamar a atenção das pessoas sobre algumas questões sérias relacionadas a preconceitos de gênero, orientação sexual e etnia.
Elas usam a folia para vender produtos como tatuagens temporárias, ímãs e adesivos “que fazem de corpos, geladeiras, paredes ou qualquer superfície canais para que as pessoas manifestem sua contrariedade a esses tipos de preconceitos comuns também em meio às brincadeiras carnavalescas”, explica Gabriela Alves, uma das idealizadoras da marca Conspiração Libertina – Ativismo que Cola.
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Além de levantar essas bandeiras, o grupo se diz contrário à difusão de estereótipos e a favor do empoderamento das minorias. Os produtos vendidos pelas jovens contém frases como "Amor não tem gênero", "Meu corpo, minhas regras" e "Não é não".
“Em geral, nossa proposta é a de ativar o pensamento das pessoas. Queremos trazer esses assuntos que tanto nos incomoda para o cotidiano das pessoas e, com um pouco de brincadeira e irreverência, falar sobre coisas sérias”, disse à Agência Brasil.
Segundo ela, o carnaval “é uma grande oportunidade para falar sobre questões como assédio porque é um período em que o número de ocorrências aumenta sensivelmente”.
A Conspiração Libertina foi criada em setembro, depois que elas identificaram uma carência no mercado de produtos voltados à questão feminista. “Simplesmente não encontramos nenhum tipo de produto com o símbolo feminista”, lembra Gabriela.
Com duas amigas como sócias, Gabriela decidiu abrir uma loja virtual na qual, além de produtos feministas, é possível encontrar itens voltados ao público LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e transgêneros). No primeiro mês de funcionamento, faziam entre quatro e dez vendas semanais pelo site, fora as vendas feitas em eventos e festas tradicionais da cidade, em especial, as frequentadas por um “público mais engajado”.
Para ampliar o alcance da iniciativa, elas resolveram levar a ideia para alguns blocos pré-carnavalescos de Brasília, como o Bloco do Peleja, frequentado por jornalistas e publicitários, e o Tithankasmona, frequentado principalmente pelo público LGBT. A boa receptividade nesses blocos ajudou a divulgar principalmente as tatuagens temporárias e o número de vendas no site aumentou para cerca de 100 por semana. “É um número bom porque, em geral, as pessoas compram mais de um produto a cada venda”, explicou.
Com a participação, nesta tarde, no Babydoll de Nylon e no Grito das Perseguidas, dois blocos de bastante público na capital federal, a expectativa das sócias é ampliar ainda mais o alcance da "marca militante".
Agência Brasil
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