poesia 03/07/2017 - 17h48

Poesia pra saudade passar depressa

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Poesia pra saudade passar depressa:

 

Ítalo Lima 

 

Quando você partiu eu fiz compressas de gelo

Para aliviar a dor da saudade na pele

Você escancarou ao mundo o meu medo de abismo

E o meu choro você viu como um charme

A saudade não é digerível

E o apetite agradável foi meu melhor fingimento

Todo mundo na vizinhança acreditava no meu sorriso

Só não meu travesseiro

Que suportava todos os meus gritos

Eu te doaria meus órgãos

Só pra poder ter minha carne

Viva pulsando dentro de você

A eternidade pouco sabe de nós dois

Também prefiro que ninguém saiba

Mas te expor aqui em versos é a melhor forma de esquecer nós dois

Eu dormia sem cobertas só pra não te ver passando frio

E você sempre acordava sorrindo de um sonho em que eu não pertencia

A dor da saudade corta a gente

E eu estanquei calado o sangramento da agonia

Teu abraço frouxo me desfez em lágrimas

Eu não acreditei quando você saiu de casa

Mas eu suportei a dor do dedo preso na porta

Só pra não te ver partir mais uma vez

Teu cheiro impregnou em todos os objetos

Meu tato tudo aliciava procurando tua pele

Eu engoli a saudade a seco quanto te vi passar

E menti com os lábios trêmulos que já te esqueci

Meu corpo desidratado ninguém mais reconhecia

Perdi meu sobrenome, o apetite, o brilho nos olhos e um tanto de sangue

Eu te escrevi uma carta com um lápis sem ponta

Pra no final você me devolver dizendo que foi engano

Saudade também passa e eu segui com meu colar de alho

 

Na superstição cabalística que você foi o pior dos meus encostos.


 

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