O Ministério Público Federal (MPF) pediu esclarecimentos ao ator Ari Areia sobre a peça "Histórias Compartilhadas", atendendo a duas representações, uma delas da Comissão de Liberdade Religiosa da Ordem dos Advogados do Brasil - Secção Ceará (OAB-CE) e outra de uma pessoa física. O monólogo, que levanta o debate sobre a transexualidade masculina, gerou polêmica depois que fotos de uma apresentação na Universidade Federal do Ceará (UFC) foram publicadas em uma página apócrifa no Facebook.
O documento enviado ao ator possui nove questionamentos. Entre eles, há perguntas sobre qual o enredo da peça, quem autorizou a exibição do espetáculo e se o artista possui documentos relativos à autorização da exibição do espetáculo na UFC.
A peça leva ao público histórias reais sobre a transexualidade masculina. A montagem do espetáculo envolve elementos como a nudez, o sangue e signos religiosos, como o crucifixo de Jesus Cristo. Por conta da apresentação artística, o artista sofreu ataques na internet. Na Assembleia Legislativa (AL), deputados aprovaram uma moção de repúdio ao espetáculo.
Para Ari, é uma tentativa de “silenciamento” e de institucionalizar a violência contra a classe LGBT. "Estamos vivenciando uma tentativa de certo setor da sociedade em institucionalizar a violência contra a classe LGBT. O tumulto todo que acontece é de pessoas que não viram a peça. Não diz respeito à peça, a questão está mais no profundo ódio alardeado contra a classe artística, todo um processo contra a classe LGBT. São pessoas movidas pelo preconceito", comentou Areia ao
O POVO Online.
De acordo com Ari, ele tem recebido orientação jurídica do escritório de Direitos Humanos Frei Tito, da Assembleia Legislativa, para proceder da melhor forma aos questionamentos do MPF. "O grande problema que vejo nesta situação constrangedora é ver um órgão sério como o MPF, que se baseia na nota da OAB, embasada em fatos muito frágeis. É muito estranho receber uma notificação, ainda mais devido a todo o processo artístico da peça. Fico um pouco perplexo com a dimensão da repercussão do fato", disse o artista.
Notificado no dia 10 de junho, o ator tem 15 dias, desde a entrega da notificação, para apresentar os esclarecimentos ao MPF.
REPRODUÇÃO
Notificação do MPF ao ator
MPFProcurado pelo
O POVO Online, o MPF explicou que a notificação faz parte de um procedimento padrão. A partir do momento que o órgão recebe uma denúncia, tem a obrigação de abrir um procedimento administrativo para apurar se tem fundamento a representação. O procurador Samuel Miranda Arruda é quem está responsável pelo processo. A distribuição do protocolo é feita por sorteio eletrônico.