O primeiro turno deixou importante lição - mais uma - sobre cuidados necessários ao ler pesquisas. Se algumas destoaram bastante até da margem de erro, é desnecessário enfatizar a importância de considerar esse fator. O POVO traz hoje a primeira pesquisa sobre o segundo turno para o governo do Ceará. Na noite de ontem, Datafolha e Ibope trouxeram seus números – iguais, aliás – para presidente da República. Lá e cá, empates técnicos. Mas eles são diferentes.
Os levantamentos nacionais têm margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos. A diferença entre Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) é de dois pontos. Seria considerado empate técnico se fosse de até quatro – com a possível variação para mais ou para menos.
No Ceará, margem de erro de três pontos percentuais. A diferença é de cinco pontos no total de votos e de seis em votos válidos. Pelo mesmo critério mencionado no parágrafo anterior, seria empate técnico em caso de diferença de até seis pontos. Ou seja, Camilo Santana (PT) e Eunício Oliveira (PMDB) estão, sim, empatados. Mas no limite. O relatório do Datafolha enfatiza que é maior a probabilidade de Camilo estar na frente.
Faltam dez dias até a votação. No cenário nacional, Aécio e Dilma oscilaram negativamente um ponto. Ou seja, não há tendência clara. É a eleição presidencial mais imprevisível da história brasileira. Jamais houve empate técnico num segundo turno para presidente.
Já no Ceará, o equilíbrio pode não parecer tão grande. Mas, não custa lembrar, na única vez em que o Estado passou por segundo turno, em, 2002, as pesquisas apontavam vantagem ainda maior de Lúcio Alcântara (então no PSDB) diante de José Airton Cirilo (PT). A quatro dias daquela eleição, o tucano tinha 54% e o petista, 46% no Ibope. Como se sabe, a decisão foi por pouco mais de três mil votos, a mais equilibrada da história estadual.
De todo modo, a considerar que o Datafolha tenha captado o real sentimento do eleitor, Eunício precisará mostrar capacidade de se reinventar. Ele liderou todas as pesquisas do primeiro turno, demonstrou incrível resistência diante da força do governo, mas terminou a apuração atrás. Ou apresenta algo novo ou Camilo caminha para garantir a continuidade do projeto Ferreira Gomes.
Surpresa e ensaio
No primeiro debate presidencial desse segundo turno, na noite de terça-feira, na TV Bandeirantes, Dilma Rousseff (PT) teve seu melhor desempenho, desde 2010. Falou com mais clareza, ao contrário da forma meio atabalhoada de outras ocasiões. Já vinha evoluindo, em comparação a 2010. Dessa vez, sobretudo, conseguiu impor sua pauta e surpreendeu Aécio Neves (PSDB). O candidato do PSDB – ainda no quesito postura – saiu-se melhor nos debates do primeiro turno, com mais desenvoltura. Mas, ficou evidente, foi surpreendido pelos assuntos e não esperava a forma agressiva como Dilma se portou na terça. Ele reagiu de forma ainda mais agressiva, chamou a adversária de “leviana”, acusou-a de mentir muitas vezes, ironizou outras tantas e falou do “mar de lama” em sua administração. Devolveu a agressividade de Dilma de forma até mais agressiva. A alguns espectadores, pode ter soado desrespeitoso. Outros tantos devem ter gostado. Raramente os discursos têm efeitos uniformes.
Dilma foi bem ensaiada. Ficou óbvio que tinha script pronto, mas faltou jogo de cintura para sair dele quando a situação exigia. Questionada sobre a demissão de Paulo Roberto Costa e acerca dos “relevantes serviços”, segundo o governo dela, que teriam sido prestados pelo ex-diretor da Petrobras que o PT agora protesta, ela foi hábil ao desviar o assunto. Não respondeu ao cerne do questionamento e atacou com o aeroporto construído pelo governo mineiro em terras que pertenciam ao tio de Aécio. Foi aí que ele qualificou a adversária de “leviana”. Dilma, então, sacou do colete denúncia de nepotismo praticado pelo tucano. Porém, não rebateu a acusação de leviandade. Deixou a questão para o bloco seguinte, quando obviamente havia sido alertada pela assessoria de que não poderia deixar passar sem resposta. Por outro lado, seu grande mérito no debate, conseguiu colocar o tucano contra a parede. Em várias ocasiões, o governo de Minas Gerais ficou mais na berlinda que o próprio Governo Federal.
Aécio não foi um desastre, mas saiu-se mais inseguro que nos debates do primeiro turno. A presidente e candidata à reeleição melhorou significativamente. Entre subida e descida, quem foi melhor? Esse julgamento varia muito conforme a visão de apoiadores de um e outro. É mais fácil avaliar as oscilações no desempenho de um candidato ao longo de uma série que fazer avaliação comparativa dos dois. Esse, de qualquer forma, foi o primeiro da série de debates que haverá até a semana que vem. Dilma não terá mais o fator surpresa ao seu lado, mas as coisas, depois de terça, não permanecem no lugar em que estavam no primeiro turno.
Escárnio, escárnio completo
Os deputados estaduais não compareceram ontem à Assembleia Legislativa em número mínimo para que houvesse sessão. Como era rotina durante o primeiro turno, quando trabalhavam apenas um dia por semana. Mas sem nem mais a desculpa de estarem em suas próprias campanhas. É um escárnio, um desrespeito com a população que foram eleitos para representar.
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