Pesquisa realizada pelo Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ), entidade de pesquisa e pós-graduação na área farmacêutica, constatou que pessoas das classes A e B, com curso superior e jovens, são o perfil dos pacientes que usam a internet para se autodiagnosticar. Segundo o estudo, 40,9% decidem como se automedicar após pesquisa na Web.
Dentre os brasileiros que afirmaram se autodiagnosticar, 63,84% têm formação superior. É o caso de Angélica Castro, formada em contabilidade, que afirma que por falta de tempo, não costuma ir a consultas antes de se automedicar. "Por causa do trabalho, é muito difícil você ir ao médico. Eu sempre procuro no Google quando os sintomas não são muito graves, e no final sempre dá certo", completa.
O imunologista, Carlos Ferreira, alerta para os riscos dessa prática. "O número de pacientes que chegam aos consultórios depois de se automedicaram é crescente. O perigo maior é quando acontecem reações e efeitos colaterais devido à utilização de medicamento errado, o que pode piorar ainda mais a situação", afirma.
Perguntados sobre os motivos de não buscarem diagnóstico com um profissional, 41% deram a justificativa de que os prontos-socorros dos hospitais são muito lotados, 18% afirmaram não considerar a opinião do médico importante para avaliação dos sintomas de saúde em geral, 17% disseram que as consultas médicas são muito caras, 9% afirmam que a busca pela internet é mais fácil e 7% acusaram os médicos de serem inacessíveis.
O levantamento feito em maio deste ano foi realizado em 120 municípios, incluindo todas as capitais, e ouviu 2.090 pessoas com mais de 16 anos.
Número de mortes decorrentes de medicação errada
Segundo o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), em 10 anos - entre 2006 e 2016 - foram registradas 888 mortes decorrentes de uso errado de medicações. No Nordeste este índice é de 179, sendo 88 delas no Ceará.