ENTREVISTA 06/02/2016

A história de superação de Hugo Benevides

Fui muito positivo e sou assim. Eu não tive um dia de depressão. Tive momentos de tristeza, de angústia
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Beatriz Cavalcante beatrizsantos@opovo.com.br
CAMILA DE ALMEIDA
Hugo sofreu acidente e se recuperou de uma tetraplegia

Conversar com um corretor de imóveis com muito tempo de mercado é conhecer os detalhes da profissão. Mas entrevistar Hugo Benevides, que atua há 28 anos no setor imobiliário, vai além disso. É também aprender uma história de superação. Ainda mais porque depois de tanto tempo no dia a dia de corretor é que Hugo realmente aprendeu. Não na profissão, mas na vida.

Há um ano e seis meses Hugo sofria acidente em Itapajé. Caiu, de moto, e foi ao chão quando estava a 160 quilômetros por hora. Chegou ao Instituto José Frota (IJF) com quadro de tetraplegia. Os médicos dizem que ele andou três anos em apenas um. Hoje se diz mil porcento recuperado.

Mudou, principalmente a fé. Esta ele leva para todo canto em que estiver. Como na promessa que pagou, andando de Fortaleza à Canindé. De 100 km, conseguiu completar 65 km. Hoje, sua positividade anda ao seu lado. Afinal, é o que o levou a se recuperar. Não que não fosse antes.

Como corretor e com sua experiência ele ainda analisa o mercado imobiliário nessa entrevista. Sua avaliação é a de antigamente a palavra valia mais. “Antes, no século passado, a gente trabalhava muito na palavra e eu achava aquilo muito interessante. A palavra das pessoas tinha um valor muito grande”, diz.

O POVO - O senhor nasceu rico ou conquistou com o tempo?

Hugo Benevides - Sou de Fortaleza, nascido e criado nesse quadrilátero que a maioria das pessoas conhecem, da Dom Luís para a praia. Graças a Deus tive oportunidade de ter muitos amigos, meu pai (Hugo Castelo Benevides) me deu uma excelente educação. Tive oportunidade de fazer intercâmbio fora do País, estudei nas grandes escolas. Meu pai e minha mãe (Maria Elba Benevides) me deixaram coisas que muita gente nessa vida não tem, que é caráter. Não nasci no berço de ouro, mas meu pai fez meu berço virar ouro. Ele, um cara muito dinâmico, ele é minha mãe eram pessoas muito dinâmicas, começaram uma fábrica de sapatos, com três funcionários e em pouco tempo ele já estava com uma fábrica com 150 funcionários e isso nos proporcionou, a mim e meu irmão (Carlos Augusto Benevides), qualidade de vida.

OP - Como aconteceu sua entrada no mercado?

Benevides - Entrei no mercado imobiliário através do meu amigo João Eduardo Guinle Gentil, dono do Beach Park. Eu vendia sistema na Secrel. Ele me garantiu que eu iria ganhar pelo menos cinco vezes mais do que o que eu ganhava. A primeira comissão que eu recebi foi de uma venda no Beach Park, de um gringo. Era como se fossem sete meses de salário.

OP - Foi difícil virar corretor?

Benevides - Fui criado por dois comerciantes. Então, no meu sangue tinha comércio. Se você passar na porta da minha empresa e encontrar meu carro todo santo dia, é porque minha empresa está parada. Então, eu me vi comerciante. Eu fiz administração de empresas, fiz a besteira de abandonar faltando um ano para terminar na Estadual, porque eu achava que estava perdendo tempo, porque achava que administração não ia agregar. Ficava muito cansativo e eu desisti. Isso eu considero uma das grandes besteiras que eu fiz. Agora, com certeza eu tinha certeza que eu ia dar somente para comércio. Eu sou o verdadeiro comerciante do tempo antigo.

OP - Era mais fácil ser corretor antes ou agora?

Benevides - A tecnologia ajudou, sem sombra de dúvidas. Disso nós não temos nem o que falar. Agora, antes, no século passado a gente trabalhava muito na palavra e eu achava aquilo muito interessante. A palavra das pessoas tinha um valor muito grande.

OP - Recentemente, o senhor sofreu um acidente de moto… Benevides - Eu cheguei no hospital com tetraplegia irreversível. Fiquei paralisado do pescoço para baixo. Nesse momento eu soube o que era ter amigos. Eu caí em Itapajé e aí quando aconteceu a queda, e um amigo meu prestou primeiros socorros, da Confraria das Motos. Na hora que eu cai e não senti nada do pescoço para baixo. Quando olhei pro céu, pedi para Deus me levar. Eu vi um arco-íris e pensei que Deus não ia me levar, que ele tinha um propósito para mim. Com dez minutos passou uma ambulância, aleatoriamente, descemos para Itapipoca, onde contratamos uma ambulância, Chegamos no IJF, já fui atendido, estava consciente. Quando você sofrer acidente não vá para hospital particular. Corram para IJF. O doutor Márcio Paraíba foi quem me atendeu e a equipe dele. Depois perguntei a ele qual a minha chance e ele disse que a parte dele ele já havia feito, que era 95%. Esses 5% dependiam de mim. Os meus amigos do pôquer, que jogo há 25 anos, já tinham ido a minha casa e arrancado todos os portões, para passar cadeira. Cheguei em casa com tudo pronto.

OP - Quando o senhor começou a se movimentar?

Benevides - Tenho que agradecer uma pessoa que é a Cleide, mora na minha casa há 20 anos. Ela saiu da casa dela para tomar conta de mim. Comecei a me movimentar quando um dos cuidadores, que eram dois rapazes, começaram a fazer massagem no meu corpo e eu comecei a sentir e querer me movimentar. Tudo dependia muito da minha cabeça. Fui muito positivo e sou assim. Eu não tive um dia de depressão. Tive momentos de tristeza, de angústia. Os médicos disseram que andei três anos em um. Estou milo porcento recuperado.

OP - Onde o senhor buscou tanta positividade?

Benevides - Deus. Ano passado tive o prazer de ir a Canindé, fazer os 100 km andando. Não fiz os 100 km, mas fiz 65 km na situação em que eu estou, que estou com uma parte ainda dormente.

OP - O que mudou na sua vida depois desse acidente? Considera-se uma pessoa melhor?

Benevides - Melhor sim, mas o que serviu para mim de verdade é que eu não sabia quantos amigos eu tinha. Eu não tinha noção qual era o verdadeiro significado da palavra amizade. Depois desse acidente com certeza eu tive.

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Veja em: bit.ly/20uLEJO

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