Fortaleza continua com o maior índice de inflação do País no acumulado do ano (6,10%) e nos últimos 12 meses (10,78%). Problemas climáticos, que afetam a produção de alimentos e encarecem a cesta básica, são causa principal.
Com dois dígitos, a inflação de Fortaleza é a maior do País no acumulado em 12 meses. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) chegou a 10,78% em julho. No acumulado do ano, a capital cearense também lidera o ranking da alta de preços, com 6,10%. Conforme dados divulgados ontem pelo IBGE, a inflação mensal ganhou força passando de 0,32% em junho para 0,65% em julho.
Os preços dos alimentos e bebidas subiram 1,39% na variação mensal, sendo a maior alta para meses de julho desde 2007 quando o grupo registrou 1,71%. Considerando os últimos sete meses a inflação de alimentos e bebidas é de 8,65%.
Para o professor do Departamento de Economia Aplicada do Curso de Economia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Almir Bittencourt, a explicação para a inflação mais elevada em Fortaleza está nos problemas climáticos. Segundo ele, os cinco anos de seca no Ceará e na Região Nordeste, além de quebras de safra no Sul e Sudeste por problemas de excesso de chuvas, têm grande impacto na produção de alimentos e nos preços da cesta básica.
O professor de economia da Universidade de Fortaleza (Unifor), Allisson Martins, adiciona os efeitos do crescimento dos preços da energia elétrica e combustíveis na formação da inflação dos últimos 12 meses em Fortaleza.
Impactos
O grupo cereais, onde estão os feijões e arroz, teve variação de preços de 9,42%, em junho para 12,76% em julho. No acumulado do ano o feijão mulatinho teve elevação de mais de 157% no preço.
Em termos de itens os responsáveis pela alta do IPCA de julho foram os feijões, o arroz e o leite longa vida. Segundo a gerente do IPCA do IBGE, Irene Machado, o maior impacto da inflação de Fortaleza veio dos feijões e do arroz, representando 48% dos 0,65% do índice.
Allisson Martins explica que a inflação em Fortaleza continua apresentando resistência, assim como a do Brasil. No mês de julho, o grupo alimentos e bebidas foi grande responsável pela elevação de preços, contribuindo com mais de 70% na formação do índice mensal de inflação da capital cearense.
O professor ressalta que o feijão foi o item que mais “alimentou” a inflação, especialmente o feijão carioca, que somente neste mês de julho subiu mais de 23% e o feijão fradinho que subiu 15,76%. “A elevação do indicador de inflação, sobretudo em Fortaleza, é explicado em grande parte pelo “choque de oferta” dos vários tipos de feijão pesquisados pelo IBGE, em que a escassez da produção, decorrente das questões climáticas, faz o preço subir naturalmente pela demanda dos consumidores”, avalia.
Acrescenta que uma forma de minimizar este desequilíbrio entre oferta e demanda, seria a prática de políticas microeconômicas a serem adotadas pelo Governo, a exemplo da recomposição de estoques dos produtos que apresentam dificuldade de fornecimento. “O Governo já promoveu a redução da tarifa de importação do feijão, mas até o momento não surtiu os efeitos esperados, de maneira que se deve pensar em ações mais proeminentes”, afirma Allisson.
O professor considera ainda que, apesar da resiliência do processo inflacionário, e da questão pontual dos alimentos, estima-se que a inflação entre novamente em trajetória de queda nos próximos meses.
NÚMEROS
8,65%
aumento de preço de alimentos e bebidas em Fortaleza no acumulado do ano
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