Hollywood realiza neste domingo a cerimônia da entrega do Oscar, que este ano se mostra muito dividido entre produções como "O Regresso", "Spotlight" e a "A Grande Aposta", que têm as mesmas possibilidades de ganhar o prêmio de Melhor Filme do ano.
"O Regresso" se aproxima mais da condição de favorito com suas 12 indicações e a expectativa de que seu protagonista, Leonardo DiCaprio, finalmente seja premiado com um Oscar.
Esperança também para o Brasil, que estará representado por "O menino e o mundo", filme de animação de Ale Abreu.
Mas é a palavra "diversidade" que vai marcar a premiação ante a polêmica sempre presente na indústria do cinema de que a tendência de que os artistas indicados sejam todos brancos.
Nenhum ator ou atriz de minoria foi indicado pelo segundo ano consecutivo, o que provocou protestos contra a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, entidade que organiza o Oscar.
Darnell Hunt, líder do Centro para Estudos Afro-Americanos Ralph J. Bunche da Universidade da Califórnia em Los Angeles, descreve a polêmica - tema de uma campanha nas redes sociais com a hashtag #OscarsSoWhite (Oscar tão branco) - como "o mesmo de sempre".
"Hollywood é uma indústria muito isolada. Está dominada por homens brancos. Sempre foi assim. Tendem a ficar perto das pessoas com as quais sentem-se cômodos", disse à AFP Hunt, que é um dos autores de um relatório anual sobre a diversidade em Hollywood.
"Tendem a parecer a si mesmos: outros homens brancos, com a maioria dos quais já trabalharam antes. E esta prática é traduzida na estrutura da indústria que observamos durante gerações".
O estudo de Hunt de 2015 apontou que as minorias étnicas, que constituem quase 54% da população americana, está sub-representada em todas as frentes, desde os papéis de protagonistas até os postos de diretores, roteiristas e até mesmo entre os participantes de reality shows na TV.
O problema é quase igual entre as mulheres, destaca o informe, que examinou os 200 filmes mais importantes lançados em 2012 e 2013, assim como todos os programas da TV a cabo e televisão aberta exibidos na temporada 2012-2013.
Entre os diretores dos estúdios de cinema, 94% são brancos e 100% homens. Os executivos com os principais cargos são 92% brancos e 83% homens. O padrão se repete na televisão.
Hunt afirma que Hollywood pode, inclusive, estar perdendo oportunidades de negócios, porque um filme com elenco relativamente diversificado arrecadaria mais na bilheteria e o investimento teria um retorno maior.
A direção da Academia, que tenta superar as acusações de racismo institucional, anunciou que até 2020 vai dobrar o número de mulheres e indivíduos pertencentes a minorias entre os membros votantes. Atualmente, tais grupos estão representados em 24% e 7%, respectivamente.
Todos os olhos da cerimônia deste domingo, 28 de fevereiro, estarão voltados para o comediante e ator Chris Rock, negro, que será o apresentador do Oscar, apesar dos muitos pedidos para que boicotasse a premiação.
'O Regresso' lidera com 12 as indicações ao Oscar 2016Hollywood encara acusações de racismo às vésperas do OscarMelhor filme. Quem será aclamado pela Academia?
AFP
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