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“A internet afetou o modelo de negócios dos jornais.” Vera Brandimarte, jornalista
O POVO deixou oficialmente de circular no Interior do Estado desde ontem. A direção da empresa culpa os altos custos que envolvem a logística de distribuição do jornal nas cidades, sem que a receita fosse suficiente. Segundo o diretor de Mercado Leitor, Victor Chidid, apesar do crescimento de assinaturas, os gastos ultrapassavam o valor de venda do exemplar. Os assinantes – cerca de 1.500 - foram comunicados da suspensão por telefone.
A notícia, obviamente, surpreendeu os leitores Tarcísio Júnior, de Groaíras, e João Santana, de Acaraú, que procuraram o ombudsman para confirmar informação. A decisão é histórica e merece reflexão. Há dois aspectos importantes que precisam ser analisados. O primeiro é o empresarial. O Grupo de Comunicação O POVO é uma empresa privada. Como tal, visa o lucro para sobreviver. Para qualquer empresa jornalística isso vai mais além. É questão de manter a independência. Dentro dessa ótica, a meu ver, a decisão é acertada inquestionável.
FUTURO
O outro aspecto envolve o futuro do jornalismo cearense. Uma série de perguntas podem ser levantadas. A decisão seria um indicativo de que o jornal impresso estaria fadado a acabar? As cidades do Interior, principalmente no Nordeste, são inviáveis economicamente para o jornal impresso? As edições virtuais ganham força? Eis um ponto que precisa ser discutido pelos profissionais de comunicação. Volto ao assunto na próxima semana.
A chefia de Redação afirmou que mesmo com a determinação a cobertura será a mesma.”Continuamos com nossas páginas de Ceará, bem como a cobertura dos principais eventos”. De acordo com o diretor de Mídia Digital, Demócrito Dummar Filho, a edição virtual continua livre e preenche a ausência no Interior. “Fisicamente não estaremos lá, mas O POVO continuará presente através do Portal”. Alguns exemplares serão enviados para venda, somente em bancas, em cidades a serem definidas.
NOVO FOCO
Com a decisão, o jornal aumenta o foco na circulação/venda e distribuição de jornais na Capital e Região Metropolitana. A única exceção é Aracati, cujo atendimento não sofre alteração. Indagado por email sobre o significado da decisão para a área jornalística, o diretor geral de Jornalismo, Arlen Medina, não respondeu até o fechamento da coluna. A ombudsman da Folha de S.Paulo, Suzana Singer, foi procurada, mas preferiu não opinar por desconhecer os dados locais.
E A COERÊNCIA?
“Belo exemplo de jornalismo”. A citação, carregada de muita ironia, é do leitor Luciano Ferraz Alencar para definir a pauta de capa do Buchicho Guia, de sexta-feira (31). A matéria “Vamos patinar!” procurou mostrar a “febre” da patinação na orla de Fortaleza, informando dicas para quem pretende iniciar a prática. Até aí tudo bem, o material cumpriu o que prometeu. Mas na hora de ilustrar o texto, o jornal escorregou na edição e publicou fotos de atletas patinando em local proibido: o calçadão da estátua de Iracema Guardiã.
“Difícil saber o que o jornal tem contra o disciplinamento da Praia de Iracema. Primeiro foi Veículos com foto de carrão sobre o calçadão; agora com jovem executando manobra que coloca em risco quem está no local”, criticou Luciano. De fato, falta coerência do jornal. Nos dois casos, as imagens estimulam a má conduta. O antagonismo é evidente quando voltamos para a edição de 18 de julho. Naquele dia, a editoria Fortaleza abordou em manchete (“Calçadão] Frequentadores ignoram proibição do uso de patins e skates”) o descaso das pessoas com a determinação legal.
ESQUECIDO PELA MÍDIA
Criação da Secretaria do Idoso anunciada pelo ministro da Previdência Social.
FOMOS BEM
EDUCAÇÃO
Série que analisou resultados do Ideb na rede pública de ensino em Fortaleza
FOMOS MAL
OFF ROAD Jornal só entrou na cobertura do Rally dos Sertões no último dia da prova
Ombudsman Atual
Tânia Alves é formada em Comunicação Social pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e em Serviço Social pela Universidade Estadual do Ceará (Uece). Trabalha no O POVO há 26 anos. Em 2015, ocupará o cargo de ombudsman após oito anos como editora-executiva do Núcleo de Cotidiano, que engloba as editorias Cotidiano, Esportes e Ciência & Saúde.
Tânia Alves Ombudsman do jornal O POVO
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