[an error occurred while processing this directive] Saiba como surgiram os primeiros fósseis do Cariri | Revistas O POVO
O POVO CARIRI 14/11/2016 - 17h35

Saiba como surgiram os primeiros fósseis do Cariri

Quando falamos de paleontologia, o Cariri se destaca no tema. Na região, é possível conhecer dez geossítios e cinco mil fósseis de diferentes espécies de animais e plantas
notícia 0 comentários
{'grupo': '', 'id_autor': 19092, 'email': 'danielcosta@povo.com.br', 'nome': 'Daniel Costa'}
Daniel Costa danielcosta@povo.com.br
Fotos: Nívia Uchôa

Dinossauros, pterossauros, insetos e peixes. Estes eram os “animais” que existiam há 150 milhões de anos no Cariri, precisamente na Bacia Sedimentar do Araripe, também conhecida como Chapada do Araripe, que divide os estados do Ceará, Pernambuco e Piauí. Nesse período, a região apresentava inúmeros lagos e árvores de grande porte, características fundamentais para o desenvolvimento de várias espécies. Para você entender como essa biodiversidade surgiu, vamos embarcar numa viagem de volta ao passado.

Tudo teve início quando os continentes africano e sul-americano formavam apenas um, o chamado Gondwana, responsável por gerar as primeiras erosões de rochas que criariam a Bacia Sedimentar do Araripe. Ao longo do tempo, esse fenômeno possibilitou uma sequência de acontecimentos no imenso continente, como grandes terremotos e movimentos de placas tectônicas. “Quando o continente africano se separou, aos poucos, do continente sul-americano, [há 130 milhões de anos] foi criado uma série de sedimentos nas regiões correspondentes ao Nordeste do Brasil”, explica Artur Andrade, geológico do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), do Ministério de Minas e Energia.

Após a separação total dos dois continentes, que aconteceu há 84 milhões de anos, a Chapada do Araripe foi construída e incentivada a formar rios e delta (rio formado por vários canais ou braços do leito de outros rios). Posteriormente, a área, que tinha um clima quente e úmido, foi ocupada por pequenos peixes, insetos, pterossauros e animais plumados. Já por volta de 65 milhões de anos, aconteceu um grande soerguimento (levantamento) em toda a superfície sul-americana, atingindo fortemente o interior do Nordeste brasileiro, elevando algumas regiões a altitudes de até 1.000 m.

Com esse fenômeno regional, os processos de erosão do relevo passaram a ter maior intensidade e a superfície foi, gradativamente, sendo dissecada, o que resultou na atual geomorfologia da Chapada do Araripe. “Esse fator foi responsável por garantir qualidade no processo de fossilização dos animais e plantas da época. Hoje é possível encontrar fósseis com estruturas bem definidas, como peixes que ainda possuem alimentos dentro do intestino”, garante Andrade.

Geopark Araripe
Para proteger a porção cearense da Bacia Sedimentar do Araripe, foi criado o Geopark Araripe, que abrange seis municípios do Cariri (Barbalha, Crato, Juazeiro do Norte, Missão Velha, Nova Olinda e Santana do Cariri), correspondente a uma área de 3,4 km². A região, que conta com proteção ambiental desde 1997 e, em 2006, foi integrada à Rede Mundial de Geoparques, iniciativa da Organização para a Educação, a Ciência e a Cultura das Nações Unidas (Unesco), é composta por uma rede delimitada de dez geossítios. São eles: Colina do Horto, Cachoeira de Missão velha, Floresta Petrificada, Batateira, Pedra Cariri, Ipubi, Parque dos Pterossauros, Riacho do Meio, Ponte de Pedra e Pontal de Santa Cruz. Conforme Antônio Álamo, professor adjunto da Urca e coordenador do Laboratório de Paleontologia, quatro desses pontos apresentam uma maior incidência de fósseis. Confira:

Cachoeira de Missão Velha

Cachoeira de Missão Velha

Composto por muitos sedimentos e vegetação de grande porte, a Cachoeira de Missão Velha é um verdadeiro vale encantado presente no Cariri, mas, precisamente, no município de Missão Velha. Há 400 milhões de anos, na Era Paleozoica, no período Devoniano, essa região era um dos poucos lugares onde tinha água em todas as quatro estações, outono, verão, inverno e primavera. Conforme o paleontólogo Antônio Álamo, o geossítio apresenta icnofósseis bem preservados, ou seja, estruturas interpretadas por paleontólogos como vestígios de atividade de antigos organismos, nesse caso, invertebrados aquáticos, como vermes.

Floresta Petrificada
Floresta Petrificada. Este é o nome de um geossítio localizado no sudeste do município de Missão Velha. A região ficou conhecida devido à presença de fósseis de troncos petrificados, que faziam parte de grandes florestas de pinheiros (coníferas) do final do período Jurássico, há 140 milhões de anos. “Ao longo do tempo, esse material foi depositado no leito do rio, em águas com alta concentração de minerais dissolvidos”, explica Álamo. De forma lenta e gradual, aconteceu a substituição das células vegetais, presentes no tronco, pelos minerais presentes na água, causando a fossilização das plantas. Além disso, o local também contém evidencias de atividades biológicas, como pequenos túneis de vermes e ovos, e restos de seres vivos, como conchas e carapaças.

Parque dos Pterossauros

Considerado o geossítio com maior potencial fossilífero da Bacia Sedimentar do Araripe, o Parque dos Pterossauros, que está localizado no sítio Canabrava, propriedade da Urca, em Santana do Cariri, tem “escondido” em sua formação geológica animais como tartarugas, peixes, dinossauros e pterossauros. Conforme o pesquisador Álamo, essa região apresentava características demográficas fundamentais para o desenvolvimento e preservação dessas espécies. “Nesta região existia uma laguna [lagos de água salgada] que tinham contato com as águas do Oceano Atlântico, há aproximadamente 100 milhões de anos, no período Cretáceo Inferior, na Era Mesozoica”, afirma.

Conforme informações do Museu de Paleontologia da Urca, foram encontradas, aproximadamente, 22 espécies diferentes de pterossauros, classificados como uma das espécies com maior incidência no parque. A primeira, denominada de Araripesaurus castilhoi, foi descoberta em 1971, apresentando grau de preservação único, possibilitando mostrar até “partes moles” do pterossauro.
Geossítio Pedra do Cariri

Pedra do Cariri
Assim como o Parque dos Pterossauros, a Pedra do Cariri, localizada a 3 km do centro de Nova Olinda, também é bastante conhecida na paleontologia por apresentar fósseis com extrema qualidade de preservação. No geossítio, são encontrados corpos de antigos insetos, peixes, vegetais e pterossauros. “A Pedra do Cariri contém todos os grupos de vertebrados (crustáceos, conchostráceos, insetos, aracnídeos, caranguejos e escorpiões) e invertebrados (peixes, anuros, pterossauros, quelônios, crocodilianos e aves) em lâminas de calcário e laminado, compondo um total de 400 espécies diferentes”, explica Álamo.

Diante dessa biodiversidade, o destaque fica por conta das libélulas. Conforme dados do Geopark Araripe, 46 espécies foram descobertas desde 1987, data marcada pela primeira revelação deste inseto no lugar. De acordo Álamo, todos esses seres vivos foram depositados há, aproximadamente, 120 milhões de anos, na Era Mesozoica, no período Cretáceo Inferior, quando neste local ainda existia um lago de águas calmas, com brejos nas margens.
Divulgação
Museu de Paleontologia da Urca

Museu

Para conhecer os antigos “animais” do Cariri, mas, especificamente, do período Cretáceo, há 140 milhões de anos, você precisa apenas se dirigir ao Museu de Paleontologia da Urca, localizado em Santana do Cariri. Na instituição, é possível encontrar um acervo de mais de cinco mil fósseis, apresentando dinossauros, pterossauros, peixes, libélulas e escorpiões, além de plantas e troncos silicificados.

Serviço
Museu de Paleontologia da Urca
Endereço: rua José Augusto, 326 - Santana do Cariri
Horário de funcionamento: de segunda a sábado, das 8h às 16h, e aos domingos, das 8h às 14h.
Contato: (88) 3545 1206

espaço do leitor
Nenhum comentário ainda, seja o primeiro a comentar esta notícia.
0
Comentários
500
As informações são de responsabilidade do autor:

Vídeos

Especialista dá dicas sobre saúde masculina play

Especialista dá dicas sobre saúde masculina

anterior

próxima

Erro ao renderizar o portlet: Caixa Jornal De Hoje

Erro: maximum recursion depth exceeded while calling a Python object

ACOMPANHE O POVO NAS REDES SOCIAIS