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Os partidos tradicionais de oposição ao governo Dilma Rousseff - PSDB, DEM e PPS - tiveram em 2015 um ano de acirramento de confrontos: sua taxa de votos favoráveis ao Palácio do Planalto na Câmara dos Deputados foi a mais baixa dos quatro anos anteriores.
De cada dez votos de integrantes do PSDB e do DEM, por exemplo, sete foram contrários ao governo, em média. Ainda assim, o nível de enfrentamento foi menor do que o registrado em 2011, no primeiro ano do primeiro mandato de Dilma.
Na época, os dois partidos votaram contra os interesses do Planalto em 80% das ocasiões, em média, segundo o Basômetro, ferramenta online do Estadão Dados.
Também é elevado o grau de coesão na oposição tradicional: não há grandes diferenças de comportamento no interior das bancadas. Mas o mesmo não ocorre em outros setores do campo hostil a Dilma.
Além da oposição tradicional, o governo, nos últimos anos, passou a ser alvo de ex-aliados, como o PSB, e de partidos que já nasceram no campo adversário, como o Solidariedade e a Rede. Apesar de estar rompido com Dilma desde o final de 2013, o PSB dá mostras de moderação em seu comportamento na Câmara. No ano passado, sua taxa de governismo chegou a 50% - ou seja, na média, os representantes do partido se posicionaram a favor do governo em metade das votações.
Além disso, o PSB não conseguiu se definir em relação ao impeachment - foi o único dos partidos de oposição a não se posicionar claramente. Segundo a cúpula do partido, a bancada na Câmara é majoritariamente favorável ao afastamento de Dilma, mas há resistências entre os senadores, os governadores e os dirigentes da sigla.
É como se o afastamento da órbita governista fosse gradual. O PSB foi aliado do PT desde o início do governo Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003. No primeiro ano do governo Dilma, a legenda deu mostras de alta fidelidade: a taxa de governismo chegou a 93% e ficou próxima da exibida pelo PT (96%).
Projeto eleitoral. Tudo mudou quando Eduardo Campos, então governador de Pernambuco, começou a organizar sua campanha à Presidência da República, em 2013. O partido abriu mão dos cargos na esfera federal e começou a mudar, paulatinamente, sua forma de votar na Câmara. Naquele ano, a taxa de governismo foi de 74%, inferior aos 87% de 2012. Em 2014, nova queda, para 53%, até chegar aos 50% do ano passado.
Diferentemente do PSDB e do DEM, o PSB tem grau considerável de dispersão na bancada: enquanto quatro deputados votaram contra o governo em 60% das vezes ou mais, cinco se posicionaram a favor do Planalto e pelo menos 60% das votações. No interior da bancada, a taxa de governismo varia de 35% a 84%. O mais oposicionista do partido em 2015, Pastor Eurico (PE), votou a favor do governo em 78% das ocasiões no primeiro mandato de Dilma.
Também há falta de coesão no Solidariedade, apesar de o chefe da legenda, Paulinho da Força (SP), ser um dos principais defensores do impeachment de Dilma, a quem trata como "inimiga". Dois dos deputados do SD têm atuação marcadamente governista: em 2015, Mainha e José Maia Filho, ambos do Piauí, votaram a favor do Planalto em 88% e 96% das ocasiões, respectivamente.
O Basômetro permite a medição do grau de governismo de cada partido ou parlamentar ao analisar se seus votos coincidem ou não com a orientação do líder do governo em cada votação. A ferramenta guarda os registros de mais de 700 mil votos de parlamentares em quase 1.600 votações ocorridas no Congresso nos últimos 14 anos. Na interface gráfica do Basômetro, cada parlamentar é representado por uma bolinha colorida. Quanto mais próxima ela estiver do governo, maior é a taxa de governismo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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