O POVO


CONSELHO DE ÉTICA

Cunha diz que STF o afastou com objetivo oculto e que não indicou nomes a Temer

19/05/2016 | 16:42

O presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse nesta quinta-feira, 19, que o Supremo Tribunal Federal (STF) teria "objetivo oculto" com seu afastamento do comando da Casa. Em depoimento no Conselho de Ética da Casa, o peemedebista voltou a negar ter contas no exterior e se recusou a responder perguntas sobre suposto recebimento de propinas.

"Foi uma decisão construída para ter algum tipo de objetivo, que com o tempo se saberá qual é", afirma Cunha, que se disse “injustiçado”. O presidente afastado deixou a sessão por volta das 16h45min, após críticas do deputado Chico Alencar (Psol-RJ). Ao deixar o Conselho, Cunha disse: "Vocês vão me ver de novo frequentando a Câmara”.

Anulação do processo

Durante o depoimento, Eduardo Cunha disse ainda que pedirá a anulação do processo de cassação de seu mandato caso sejam incluídos outros fatos no relatório. Julgado no Conselho pois teria mentido sobre a existência de contas suas na Suíça, Cunha também é réu na investigação da Lava Jato por suposto recebimento de propinas.

Sobre as contas, o peemedebista argumenta que os recursos encontrados na Suíça não estão no nome dele, mas sim no de trusts - instituto que administra patrimônio de terceiros. "Não detenho conta nem patrimônio que naquele momento estivesse sob minha propriedade", disse.

Indireta a Aécio

Durante sua fala, Eduardo Cunha disse ainda que, se quisesse esconder conta no exterior, "caertamente teria feito uma fundação", em referência indireta ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), alvo de acusação de que sua mãe teria mantido uma fundação no exterior. "Considerar isso (um trust) como uma conta bancária, igual uma conta que qualquer um assina um cheque e saca, é uma comparação absurda".

Eduardo Cunha também afirmou que irá recorrer do processo pelo fato de o relator, Marcos Rogério (DEM-RO), ter se filiado a um partido que faz parte do mesmo bloco que o PMDB na Casa. Em dezembro passado, o peemedebista usou o mesmo argumento para destituir Fausto Pinato da relatoria do processo.

Redação O POVO Online