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O afastamento do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), da cena política em Brasília resulta em diversas consequências práticas em um momento de ainda grave crise política no País.
A aparente perda de força perante um bloco de parlamentares formado desde o início do ano passado pode gerar um vazio de representatividade entre eles se analisado, por exemplo, seu protagonismo político durante o período em que comandou a Casa legislativa, desde fevereiro de 2015 até ontem.
Eleito com maioria esmagadora dos votos, em 2015, para presidir a Câmara de 513 deputados, o parlamentar do Rio de Janeiro liderou a oposição - sem voz após as sucessivas derrotas eleitorais desde 2002 -, além de fortalecer parlamentares que, apesar de pertencerem à base governista, se mostravam insatisfeitos com a gestão petista: os chamados dissidentes.
A união de forças capitaneada por um hábil político, como é Cunha, votou pautas polêmicas, derrotou o governo em diversas ocasiões, culminando na instalação do impeachment contra a presidente da República.
O pelotão, que nesse instante perdeu seu grande representante em Brasília, agora precisa de um novo líder para continuar impondo sua agenda. Quem deverá ocupar a vaga no pós-Cunha? Caso não haja consenso, poderá haver disputa entre partidos do chamado centrão (PR, PP e PSD) e PMDB para o comando da Casa.
Com a iminência da chegada de Michel Temer para comandar o País, caso se confirme o afastamento da presidente Dilma pelo Senado na próxima quarta-feira, 11, o deputado acabaria por atrapalhar a possível governabilidade de Temer.
Nos bastidores, comenta-se que o presidente afastado da Casa já estaria indicando nomes para cargos no eventual governo do correligionário. Com extrema influência interna entre deputados, o parlamentar do PMDB - réu no STF e recheado de denúncias de corrupção -, se tornaria braço direito do governo Michel. Apesar da aproximação entre os dois, há uma forte desconfiança em ambos os lados sobre o sentimento de traição.
Seu afastamento do posto de deputado e presidente contribui no andamento das investigações contra ele na Operação Lava Jato. O Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, declarou ontem que as investigações em torno de Cunha dependiam necessariamente do afastamento confirmado por unanimidade pelos ministros do STF em sessão realizada ontem.
"A regularidade de procedimentos criminais em curso no STF e a normalidade das apurações submetidas ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados dependiam dessa decisão", ressaltou.
Outra consequência do pós-Cunha é que a liminar do ministro Teori Zavascki embasa argumentos de aliados da presidente Dilma Rousseff (PT) para tentar reverter a situação no Senado, e também alimenta esperanças de petistas para conseguir anular a votação do impeachment. A principal justificativa é que, baseado nos argumentos de Teori, o presidente Cunha não mais reunia condições para comandar os trabalhos na Casa.
Repercussão
Em coletiva de imprensa, Cunha criticou a decisão do Supremo e afirmou que vai recorrer. A presidente Dilma Rousseff alfinetou o desafeto político afirmando que o afastamento foi “antes tarde do que nunca”. (com agências)
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