O POVO


ENTREVISTA COLETIVA

"Estão vendendo terreno na lua", diz Dilma sobre articulação de Temer e PSDB

19/04/2016 | 12:07

A presidenta Dilma Rousseff disse nesta terça-feira, 19, que o Brasil tem um “veio golpista adormecido” e que não houve um presidente após a redemocratização que não tenha tido um processo de impedimento no Congresso. A presidente criticou ainda articulações de Michel Temer (PMDB) para chegar à Presidência, afirmando que o vice tenta conseguir uma "eleição indireta".

Segundo a petista, defensores de seu afastamento estão "vendendo terreno na lua", em referência às articulações entre PMDB e PSDB para formação de um novo governo caso o impeachment passe no Senado.

Confira íntegra da entrevista de Dilma a veículos estrangeiros:

"Se nós acompanharmos a trajetória dos presidentes no meu país no regime presidencialista a partir de Getúlio Vargas, nós vamos ver que o impeachment sistematicamente se tornou um instrumento contra os presidentes eleitos. Tenho certeza que não houve um único presidente depois da redemocratização do país que não tenha tido processos de impedimento no Congresso Nacional. Todos tiveram”, afirmou Dilma, em entrevista a veículos estrangeiros no Palácio do Planalto.

A presidenta destacou que a crise atual está acontecendo pelo fato de a eleição de 2014 ter sido vencida por uma margem estreita, de pouco mais de 3 milhões de votos. A petista recebeu 54 milhões de votos. “Essa eleição perdida por essa margem tornou no Brasil a oposição derrotada bastante reativa a essa vitória e por isso começaram um processo de desestabilização do meu mandato desde o início dele. Este meu segundo mandato, há 15 meses, tem o signo da desestabilização política”, afirmou.

Os deputados aprovaram neste domingo (17), por 367 votos a favor e 137 contra, o prosseguimento do processo de impeachment contra a presidenta Dilma. Em uma entrevista concedida à imprensa ontem (18), Dilma disse se sentir indignada e injustiçada com a decisão da Câmara dos Deputados.

Se a admissibilidade do afastamento for aprovada também pelos senadores, a presidenta será afastada do cargo por até 180 dias, enquanto o Senado analisa o processo em si e define se Dilma terá o mandato cassado. (com a Agência Brasil)