26º CINE CEARÁ. MOSTRA COMPETITIVA 21/06/2016

A festa e os cães, de Leonardo Mouramateus, será exibido hoje

Documentário dirigido pelo cearense Leonardo Mouramateus será exibido hoje no Cine Ceará
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Camila Holanda camilaholanda@opovo.com.br
DIVULGAÇÃO
Cena do curta A Festa e os Cães. Registros feitos em câmera fotográfica analógica ao longo de 4 meses


Em 2013, o diretor de cinema Leonardo Mouramateus comprou uma câmera fotográfica chamada colorsplash - da marca Lomography - quando ajudava uma amiga a escolher o presente do namorado dela. A característica mais forte da máquina são as opções de flashes coloridos que podem ser usados como se fossem filtros - além de ser toda analógica, claro. Mouramateus resolveu, então, usar o equipamento para registrar seus últimos meses morando em Fortaleza, antes de se mudar para Lisboa (Portugal).


De dezembro daquele ano até abril de 2014, ele tomou a câmera nas mãos e passou a clicar os amigos, as festas que frequentava e a rua onde morava, no bairro Maraponga. Aliás, os cachorros da rua onde morava. Vez ou outra, ele largava a colorsplash nas mãos de amigos, que iam dando suas percepções sobre as noitadas na capital cearense. O resultado destes registros viraram o curta A festa e os cães.


Hoje, às 18h30min, o filme será exibido no Cineteatro São Luiz, parte da Mostra Competitiva Brasileira de Curta-Metragem do 26° Cine Ceará. Ele concorre com outras 13 produções de diversas cidades do País.


Da Maraponga à Praia de Iracema, passando por Curitiba, Lisboa e Tiradentes, as imagens do filme são predominantemente registros fotográficos. Enquanto as lembranças fotográficas vão passando na tela, as vozes de Mouramateus, Geane Albuquerque, Clara Monteiro, Junior Morais e Kevin Balieiro narram os fatos, as memórias, as saudades e as percepções ali impressas.


“Eu demorei muito para aceitar que aquilo que eu estava fazendo era um filme. Foi o rolo da câmera mesmo que me fez entender isso”, conta o diretor do curta. “A maneira como milímetros separavam fotos que tinham sido tiradas a quilômetros de distância. Uma narrativa desajeitada que surgia acidentalmente. E passei a fotografar pensando nessa narrativa, nessa maneira irresponsável de compor.” O período do filme, então, coincide com a vida e a morte de uma câmera analógica de plástico, tal qual descreve Leonardo.


Um dos motivos para usar a discreta colorsplash nas ruas da Fortaleza, infelizmente, faz parte do cenário da Cidade. “Como a rua onde eu vivia na Maraponga começou a ficar mais violenta, e eu tinha muito interesse de continuar a filmá-la (como eu já tinha feito em outros dois curtas: Europa e Mauro em Caiena), percebi que uma câmera analógica não chamaria muita atenção. E mesmo se eu fosse roubado mais uma vez seria fácil repô-la”, conta o diretor. Então, o filme foi tomando corpo e se moldando até chegar ao que seria um curta-metragem construído por tantas mãos e tantas percepções.


“(Isso representa) que o ato de dirigir passa por bem mais do que está por detrás de uma câmera, escolhendo o que, ou quem, vai estar em quadro ou não. O que me interessava (como diretor mas também como amigo) era o que meus amigos viam. E sobretudo, que o filme não é tanto sobre as fotos, mas sobre o gesto de fazê-las.”


Fortaleza de Leonardo

Algo presente no discurso das vozes personagens do filme é o ato de ir embora de Fortaleza. Seja de amigos que foram, do amigo que vai ou a da vontade de ir. A cidade retratada no curta é “um pouco deprimente”, como lembra o diretor, que ressalta: “não é assim que vejo a cidade. Não há como gostar de uma cidade onde 11 garotos foram mortos por 38 policiais. Mas amo a cumplicidade e as histórias. Amo sentir que há pessoas vivendo, e continuando a viver, da melhor maneira possível aqui.” Leonardo resume: para ele, Fortaleza é céu, o sol abrasador e os amigos. Os cachorros que transitavam na rua cravada na Maraponga também são um pouco da Capital. “Eu me identificava com eles por eles estarem ali na rua de madrugada”. Dois anos após os registros da câmera de plástico, contudo, já não há mais cachorros no lugar onde Mouramateus viveu. “Em compensação, os assaltos aumentaram”, relata, entre realista e angustiado.

 

Longa-metragem

O atual endereço de Leonardo é também o cenário de seu primeiro longa-metragem. Entre janeiro e abril de 2015, ele filmou em Lisboa o filme António Um Dois Três. A equipe se divide entre portugueses e brasileiros. O longa é produzido pela Praia à Noite (produtora dele, de Clara Bastos, Natália Maia e Samuel Brasileiro) em co-produção com a If You Hold a Stone e Miguel Ribeiro. A obra está prevista para estrear no segundo semestre.

 

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