CONTINUAÇÃO DA CAPA 14/06/2016

História contada através da arte

Dos desenhos de caráter antropológico às ousadias matemáticas dos concretistas, a Coleção Airton Queiroz conduz o público através dos séculos
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REPRODUÇÃO
Com a Mulher de Cabelos Verdes, Anita Malfatti revolucionou as artes nacionais no início do século XX

 

 

Dos desenhos de caráter antropológico às ousadias matemáticas dos concretistas, a Coleção Airton Queiroz conduz o público através dos séculos

Foi preciso estudo, cuidado e bom senso para organizar a exposição da Coleção Airton Queiroz. Colecionadas de forma emocional - sem seguir um rigor estético específico - as obras passeiam por estilos e escolas, compondo um panorama amplo da produção artística nos últimos cinco séculos.


Partindo de um desenho do holandês Albert Eckhout sobre um menino tapuia - a obra mais antiga da exposição - somos apresentados ao Brasil do século XVII, o primeiro país do Novo Mundo a ser retratado pelos artistas dos colonizadores.


Representando o século XVIII, a exposição traz uma escultura religiosa de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, considerado por muitos um dos maiores artistas das Américas.


No século XIX há espaço para a Missão Artística Francesa, representada por Taunay e Debret. Os pintores de paisagem, gênero e história também começam a aparecer, entre eles o italiano Giovanni Castagneto e os brasileiros Antônio Parreiras e Benedito Calixto. O gravador e pintor cearense Raimundo Cela também marca presença com três obras.


Chegando ao século XX e reverberando a explosão estilística e temática da Semana de Arte Moderna de 1922, temos, além de Anita Malfatti, obras de Di Cavalcanti, Ismael Nery, Lasar Segall, Antônio Gomide e Cícero Dias. O segundo momento do Modernismo aparece com uma forte presença de Portinari, um dos favoritos do chanceler, com 17 pinturas e 15 desenhos.


Em um espaço dedicado à abstração, Lygia Clark e seu “não-objeto” interativo - melhor escultura na Bienal de São Paulo de 1961 - divide espaço com Sérvulo Esmeraldo, Antonio Bandeira, Tomie Ohtake, Hélio Oiticica, Lygia Pape e Alfredo Volpi.


Na sala dos contemporâneos, a explosão de cores e padrões vem de obras de Leonilson, Leda Catunda, Adriana Varejão e Beatriz Milhazes - as duas últimas tiveram exposições individuais no mesmo espaço no ano passado.


A presença estrangeira cobre uma fatia temporal que vai do Renascimento aos movimentos modernistas da primeira metade do século XX. O ponto de partida é uma valiosa pintura a óleo sobre madeira do mestre barroco Rubens. A trajetória avança com obras de Claude Monet, Renoir e Marc Chagall até o surrealismo de Max Ernst, Miró e Salvador Dali.


Representando a América Latina estão o uruguaio Torres García, o mexicano Diego Rivera e o colombiano Fernando Botero.


Responsável por acompanhar todo o processo de concepção da exposição - da curadoria à montagem e iluminação - Max Perlingeiro destaca o caráter multimídia do espaço. O público vai poder encontrar, ao lado de várias obras, um QR Code que pode ser lido pelo celular e que vai direcionar o usuário para diversos vídeos, fotografias e artigos que contextualizam as obras e as inserem em ambientes específicos de contemplação.


“Nos preocupamos com a tecnologia, e um terço das obras conta com conteúdo multimídia. A arte não tem fronteiras”, justifica Perlingeiro, que também adiantou que a exposição vai contar com um espaço educativo e interativo para crianças. (Jader Santana)

 

BATE-PRONTO

 

Max Perlingeiro, curador da exposição


O POVO - Por que a obra de Anita Malfatti tem tanta importância dentro da exposição?


Max - Porque é chocante, trouxe toda a ousadia e modernismo da Europa para uma São Paulo caipira. É aquele verde contra o vermelho. Monteiro Lobato falou mal, mas é uma pintura chave para entender a arte no Brasil.


OP - O que move o chanceler na sua coleção?


Max - Paixão e desejo. Ele sabe onde fica cada obra em suas residências.


OP - O Ceará está inserido no circuito das artes plásticas?


Max - Hoje, Fortaleza tem mercado. O Ceará tem colecionadores proeminentes no Nordeste, é uma coisa profícua. Deixamos de ser apêndice para ser parte atuante. Todas as exposições do Brasil têm hoje alguma obra de colecionadores
de Fortaleza. 

 

Serviço

Exposição da Coleção Airton Queiroz

Quando: abertura amanhã, às 20 horas (visitação a partir do dia 16, de terça a sexta, das 9 às 19 horas, ao sábados, das 10 às 18 horas, e aos domingos, das 12 às 18 horas)

Onde: Espaço Cultural Airton Queiroz, na Unifor (av. Washington Soares, 1321 - Edson Queiroz)

Gratuito

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