No livro Contos d’Escárnio: Textos Grotescos, publicado em 1990, o narrador Crasso pontua que decidiu “escrever esse livro porque ao longo da minha vida tenho lido tanto lixo que resolvi escrever o meu”. O personagem dava voz para a crítica certeira de Hilda Hilst, que insuflava o descontentamento com as formas de conversação entre mercado editorial e escritores. A paulista morreu em fevereiro de 2004 - deixando para os leitores um legado de contos, crônicas, peças e poesias.
Hilda vem ganhando, nos últimos anos, uma nova leitura e interesse crescente do público. O fascínio pela obra fez, também, pesquisas sobre os escritos surgirem no ambiente acadêmico. A Universidade Estadual Paulista (Unesp) distribui gratuitamente um livro apresentando panorama da obra e questionamentos sobre a produção da autora. Denominado Em Torno de Hilda Hilst, o arquivo está disponível para download no site da Editora Unesp Digital (ver serviço). No livro, 12 textos versam sobre o legado e questões intrínsecas da escritura de Hilda. A análise é organizada pelas docentes Nilze Maria de Azeredo Reguera e Susanna Busato.
“Creio que tem havido uma redescoberta, desde que as edições de sua obra, nos anos 2000, começaram a ser organizadas por Alcir Pécora (crítico literário e professor da Unicamp) numa reedição pela Editora Globo. E a redescoberta se dá justamente pelas novas leituras e interesse crescente sobre sua obra, haja vista que houve traduções de vários de seus textos para o francês, inglês e alemão, por exemplo”, pontua a docente Susanna Busato, uma das organizadoras.
O livro-panorama surgiu de provocações feitas em 2014, durante atos que marcavam os dez anos de morte da escritora. “Foi quando decidimos convidar especialistas e estudiosos da obra de Hilda Hilst, do Brasil e do Exterior, de modo a ampliar o leque das perspectivas de leitura sobre vários gêneros explorados poeticamente”, comenta Susanna.
Hilda tratou de temas complexos para as épocas de publicação. A literatura debochada, escancarada e cheia de frases pontiagudas chocou uma sociedade que não entendia o posicionamento da jovem estudante de Direito, filha única de um fazendeiro e nascida no interior de São Paulo. Na opinião de Susanna, o leitor hoje mudou, os tempos são outros, mas ainda a “palavra poética hilstiana” sempre alucina aqueles que a tomam como leitura do tempo e do corpo. “Ao leitor, portanto, cabe responder à pergunta. O medo, de qualquer forma, é o caminho para a descoberta da obra da autora, que nos instiga a descobrir uma força lúdica de construção literária que dialoga com a tradição e com nosso tempo”, explica.
SERVIÇO
Para fazer download gratuito do livro:
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