Não precisa ser fã de heavy metal para conhecer o Iron Maiden. E, independente de gostar ou não, é preciso muito pouco para se ter respeito pela banda que já soma 40 anos de carreira. Verdadeiros deuses dourados do peso roqueiro, o agora sexteto pousou ontem em Fortaleza para o show único que acontece esta noite na Arena Castelão. Como uma prova de gigantismo, eles vêm a bordo do Ed Force One, o boeing 747 particular, pilotado pelo vocalista Bruce Dickinson.

Além da aeronave que carrega os músicos e seus equipamentos pelas turnês desde 2008, a chegada do próprio Dickinson já é algo comemorado pelos fãs. Em fevereiro de 2015, foi anunciado que o cantor estava com câncer na língua. Ao mesmo tempo em que os fãs aguardavam os resultados do tratamento, a banda anunciava que o novo álbum estava pronto, apenas aguardando a recuperação do vocalista. Em maio do ano passado, veio o alívio de que ele estava curado e poderia retomar os trabalhos de estúdio e palco.

A comemoração pela recuperação de Dickinson veio com o lançamento de The Book of Souls, 16º álbum do sexteto inglês que também batiza a turnê que chega a Fortaleza, depois de passar por Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília. Do Ceará, o Iron Maiden ainda segue para São Paulo antes de ir para Nova York. A noite dedicada aos camisas pretas ainda vai contar com duas presenças luxuosas no palco do Castelão. A primeira é dos novatos da banda The Raven Age, liderada por George Harris, filho do baixista do Iron, Steve Harris. Em seguida, os veteranos do Anthrax, outro gigante do heavy metal com mais de 30 anos de carreira (leia mais na página 3).

No entanto, com perdão das atrações de abertura, é mesmo para ver o Iron Maiden que os fãs estão ansiosos. “Eu pedi folga no trabalho só pra conseguir comprar o ingresso. Meu patrão disse que me liberava se eu conseguisse um autógrafo no Eddie”, brinca a publicitária Paula Ricarla. Fã da banda londrina desde os 12 anos, ela diz que o grupo está em seu momento mais completo de som e presença de palco. “É mágico”, resume. A economista doméstica Rosângela Mendes está na expectativa de ouvir Wasted Years, prevista para encerrar o show. “É até difícil explicar o que é o Iron. Essa pegada clássica deles é fundamental”, avisa.

Fã incondicional do Iron Maiden, Abda Medeiros estuda a cena metaleira há muitos anos e dedicou seus trabalhos de mestrado e doutorado ao assunto. “A banda é de 1977, mas a explosão é nos anos 1980, principalmente com a entrada do Dickinson. Desde então, eles criaram um modo de fazer metal que influenciou muitas bandas de heavy e trash metal, e vêm mantendo esse modo de fazer metal que não é só show, é um espetáculo. O Iron sabe trabalhar as grandes tendências estéticas do metal”, explica a socióloga.

Para Abda, a permanência da banda no topo da cena metaleira se deve a uma série de fatores que vão do fato de eles saberem trabalhar a própria marca até os assuntos que trabalham nas letras. “As canções são pura história cantada. Eles lançam discos temáticos, como o anterior (The Final Frontier) que é sobre a civilização maia”, explica a pesquisadora, acrescentando ainda os aspectos religiosos, críticos e estéticos trabalhados pela banda. “Em alguns momentos eles foram acusados de serem satanistas. Na verdade. É muito mais uma reflexão crítica”, explica Abda, que ainda aponta que os famosos chifrinhos feitos pelos metaleiros não se referem ao demônio, como muito pensam. “Conta-se que o Dio (ex-vocalista do Iron Ronnie James) foi criado pela avó italiana e ela sempre lançava esse símbolo para afugentar o mal olhado. Então, ele passou a usar no palco. Como somos de uma tradição cristã, que associou o preto e qualquer coisa de ponta ao demônio, pensam que é o mal”, conclui.

SERVIÇO

Show do Iron Maiden

Onde: Arena Castelão (Av. Alberto Craveiro, 2901 - Castelão)

Telefone: 3033 1001