[an error occurred while processing this directive] Desvendando Babenco | O POVO
CINEMA. 'MEU AMIGO HINDU' 03/03/2016

Desvendando Babenco

De volta ao cinema depois de um hiato de oito anos, o diretor Hector Babenco lança filme com roteiro inspirado em sua luta contra o câncer. O V&A conversou com o cineasta sobre a estreia
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Jáder Santana jadersantana@opovo.com.br
DIVULGAÇÃO
Com Bárbara Paz e Willem Dafoe no elenco, filme de Hector Babenco mistura realidade e ficção para falar sobre a experiência do diretor com o câncer


Hector Babenco abre seu novo filme, Meu Amigo Hindu, com um letreiro: “O que você vai assistir é uma história que aconteceu comigo e a conto da melhor forma que sei”. De ascendência judaico-ucraniana, nasceu em Mar del Plata, no litoral argentino, e veio para o Brasil no final dos anos 1960. Com Pixote, em 1981, ganhou o País. O Beijo da Mulher Aranha, lançado quatro anos depois, o apresentou para o mundo. É um homem de histórias.


A que decidiu contar em seu novo filme, que estreia hoje nos cinemas, não é a história dos dias de êxito. Babenco parte da descoberta, em 1990, de um câncer linfático que só seria vencido depois de oito anos de tratamento, para construir uma delicada trama sobre solidão e morte.


“Parti de uma cena final, que eu já tinha, e de uma cena inicial, que eu já desejava, que era uma sentença de curta vida, e um final que era uma explosão de insanidade, e a partir desses dois parâmetros preenchi a história da forma menos linear possível, menos autobiográfica possível, tentando ficcionalizar alguns elementos dos quais eu tinha um pouco de memória”, argumenta o diretor.


Para povoar sua história fantástica, convidou um time de grandes nomes: Maria Fernanda Cândido, Selton Mello, Guilherme Weber, Reynaldo Gianecchini e Dan Stubach. Foi buscar fora do Brasil seu protagonista, um velho amigo que já havia atuado em filmes de Wes Anderson, Lars von Trier e Martin Scorsese e colecionava duas indicações ao Oscar: o norte-americano Willem Dafoe.


A atriz Bárbara Paz, mulher de Babenco desde 2010, também participa do longa, dando vida a um personagem que se apropria de sua história real. “A personagem é totalmente inspirada em mim. Sou eu numa versão em inglês. Boa parte é a realidade que ele transformou em arte. Fez um filme dos bons e maus momentos de sua vida, e é nessa vida que me incluo”, avalia a atriz.


A trama acompanha Diego (Dafoe), um diretor de cinema que, ao se descobrir portador de uma doença que pode ser fatal, decide oficializar a relação de muitos anos com sua mulher (Maria Fernanda Cândido). Como parte do processo de aceitação, despede-se dos amigos e mergulha em uma rotina enquadrada por quartos de hospital. “Há aspectos que estão no filme que foram vivenciados por mim, e há outros que são ficcionalizados. Porém, o resultado final é uma obra que não tem nada a ver com o que vivi”, esclarece Babenco.


Enquanto precisa aprender a conviver com a dor e a morte, conhece um garoto hindu que se torna seu novo amigo, com quem compartilha momentos e angústias. Quando a criança desaparece e Diego recebe alta, percebe que sua vida foi alterada de forma irreversível. Solitário e com o casamento em crise, começa a refletir sobre o fim da vida, até que conhece uma nova mulher (Bárbara Paz).


Real ou não, a história de Meu Amigo Hindu guarda muitas semelhanças com a trajetória pessoal de Babenco. É a personagem de Bárbara - realidade ou ficção? - que altera os rumos do protagonista. Perguntada sobre sua relação com o diretor e sobre o hiato em sua cinematografia, a atriz responde: “Deixo para o que ficou no filme, mas essa personagem traz de volta a vida, o sol, a felicidade, a vontade de continuar vivendo e criando”.


BATE-PRONTO


Hector Babenco, cineasta


O POVO - Foram oito anos longe do cinema. Em que medida esse distanciamento contribuiu com teu trabalho? O Babenco de O Passado é o mesmo que dirigiu Meu Amigo Hindu?

Hector Babenco - Sim, o homem é o mesmo, um pouco mais velho. Mas deixa eu te dizer, eu fiquei esses anos todos sem filmar porque eu tenho um inimigo muito grande que se chama Brasil. O Brasil que não te permite se estabelecer com uma produção mais contínua. Os mecanismos de fazer cinema no Brasil são muito penosos, muito lentos, dolorosos, porém são os únicos que a gente tem.

OP - Expor-se dessa forma foi um modo de sedimentar e entender o passado? O que você ganhou com essa auto-análise?

Babenco - Não se ganha e não se perde nada na vida. Era este filme o que eu queria fazer. Era essa história que eu queria contar, dessa maneira. Há aspectos que estão no filme que foram vivenciados por mim, porém o resultado é uma obra que não tem nada a ver com o que eu vivi. Tenho uma total repugnância a qualquer modelo artístico que pouse seus pés em mecanismos de falsa felicidade, autoajuda, bem estar, recuperação. São conceitos que não estão no meu vocabulário.

OP - O que te fez retornar ao teatro durante esse hiato?

Babenco - Os palcos sempre são um bom descanso, porque é uma coisa fisicamente menos torturante e a felicidade de ver um espetáculo no palco é muito similar a de ver a estreia de um filme.

 

BABENCO EM FILMES


Pixote (1981)

Forte e polêmico, Pixote, A Lei do Mais Fraco foca na realidade das ruas brasileiras. Com Marília Pêra, Elke Maravilha e Jardel Filho no elenco, acompanha um garoto abandonado que vive entre pequenos furtos e internações em reformatórios.

 

O Beijo da Mulher Aranha (1985)

Vencedor do Oscar de Melhor Ator (William Hurt), o drama se passa numa prisão na América do Sul. Dividindo a mesma cela, um homossexual e um preso político vivem entre o sonho e a realidade. Sônia Braga oferece uma de suas mais célebres atuações.

 

Ironweed (1987)

Disputado por nomes como Robert De Niro, Gene Hackman e Paul Newman, coube a Jack Nicholson interpretar o esquizofrênico Francis Phelan. Ele e Helen Archer (Meryl Streep) são alcoólatras que tentam se ajudar contra o vício.

 

Carandiru (2003)

Sucesso de crítica e de público, e indicado para representar o Brasil no Oscar, conta com atuações de Rodrigo Santoro, Wagner Moura e Caio Blat. Baseado no livro de Dráuzio Varella, acompanha um médico que convive com as histórias dos detentos do então maior presídio da América Latina.

 

Multimídia

Veja entrevista completa com o diretor em http://goo.gl/T9B0vY

Veja trailer do filme em migre.me/t9spj

 

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