[an error occurred while processing this directive] O grito de Krajcberg | O POVO
22/10/2015

O grito de Krajcberg

Exposição em Fortaleza reúne 34 obras do artista plástico Frans Krajcberg, conhecido por transformar em esculturas troncos de madeira calcinados em queimadas criminosas
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Émerson Maranhão emerson@opovo.com.br
Foto: Rodrigo Carvalho


O ano é 1993. Por trás das grades do Conjunto Penal Feminino de Salvador, onde cumpre pena de 21 anos de reclusão, Maria do Socorro Nobre lê a entrevista de um artista polonês radicado no Brasil e é tomada por um encantamento. Na matéria, publicada em uma revista de circulação nacional, ela descobre que o pintor e escultor de nome quase impronunciável tem por ofício extrair beleza do que parece morto; enxergar formosura onde apenas a destruição está ao alcance de olhos comuns.


A epifania lhe traz uma revelação. Se aquele homem consegue transformar em obra de arte o que os outros jogam fora, ele será capaz de ver uma possibilidade de encantamento em sua vida, que por vezes ela considerou acabada. “Às vezes a gente joga a vida da gente fora. Se ele trabalha com coisas calcinadas, florestas queimadas, a gente vê a sensibilidade da pessoa. Ele transforma madeira queimada em obra de arte!”, justifica Socorro, que passa a trocar correspondência com o artista.


A amizade entre a então presidiária e o pintor e escultor Franz Krajcberg está contada no premiado documentário Socorro Nobre (1995), de Walter Salles, e que serviu de embrião para o filme Central do Brasil (1998), do mesmo diretor. Já a obra do artista plástico, um dos mais renomados nacional e internacionalmente, pode ser vista em Fortaleza a partir de amanhã, na exposição FRANS KRAJCBERG – Em favor da natureza, na galeria Casa D’Alva.


A mostra reúne 34 peças, entre pinturas e esculturas, garimpadas de colecionadores de todo o Brasil. “Nossa ideia foi transformar o espaço em uma floresta que grita, através da extrema beleza. Mais que uma exposição, trabalhamos com o conceito de uma instalação. Queremos que as pessoas mergulhem na intensidade da obra de Krajcberg ao visitar a galeria”, define o curador e galerista José Guedes.


Biografia

Franz Krajcberg nasceu em 1921 na Polônia. Durante a Segunda Guerra Mundial, perdeu toda sua família no Holocausto. Em 1948, por incentivo do amigo Marc Chagall, migrou para o Brasil, onde se naturalizou em 1957. E foi aqui que começou sua carreira, depois de ter estudado na Academia de Belas Artes de Stuttgart, na Alemanha.

 

Após temporadas no Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Minas Gerais, Krajcberg foi morar em Nova Viçosa, sul da Bahia, onde construiu sua casa sobre um tronco de pequi de 2,60m de diâmetro a 12 metros do chão. É lá onde vive e trabalha até hoje, aos 94 anos.


Sua obra há décadas é dedicada à causa ambiental. Suas esculturas são realizadas a partir de troncos de madeira queimados criminosamente. “Não conheço outro artista que tenha se dedicado tão incondicionalmente à luta pela natureza quanto Krajcberg. Esta exposição foi pensada como um grito de alerta para o atual momento de devastação desenfreada pelo qual passamos”, aponta José Guedes.


Nas muitas entrevistas que deu, Krajcberg sempre reforça o caráter militante de seu trabalho, para o qual ele tem uma definição especial. “Meu trabalho é meu grito. Gostaria de gritar cada dia mais alto contra a barbárie praticada. Como posso fazer? Se gritar na rua, me levam ao hospital de doidos (risos). Meu trabalho é o único grito que posso dar”.

 

Multimídia


Veja o vídeo com a apresentação da exposição pelo curador José Guedes:

 

 

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