Horácio por Lobato
Demitri Túlio, repórter especial e cronista do O POVO
Horácio por Lobato Pequenino, miúdo, tímido... Avesso a entrevistas e de uma generosidade de avô bom. Horácio Dídimo, o professor que incluiu a literatura dedicada à infância na pauta do curso de Letras da UFC, é maior do que pensa. Ainda bem. Não é de empabulações, mesmo sendo mestre e doutor.
Escreve, tenho a impressão, como alguém que se diverte com qualquer coisa que for dando vontade de brincar. Independente da idade envelhecendo e feito pirralho. Daqueles que transformam mangas verdes em bois ou que dão outro sentido às caixas vazias de palitos de fósforo. Um caixãozinho de enterrar vagalume falecido depois das chuvas.
Sua Poesia Mínima é do tamanho que tem de ser.
“Lar, doce lar... Cada um cutucando o seu celular”. Ou “Esta é a nossa desdita... Todo mundo sabe que vai morrer, mas ninguém acredita”.
E assim vai o professor Dídimo, afinando palavras. Mas de seus livros, há um que merecia reedição. Ficções Lobatianas – Dona aranha e as seis aranhinhas no Sítio do Picapau Amarelo. É quando é feliz e decifra quem o inspirou na academia e, provável, em boa parte da vida.
Um tratado descontraído, apesar de acadêmico, sobre a poética em Monteiro Lobato. Um ensaio literário pelos fios de dona Aranha e sua prole. A costureira mais velha do mundo, incumbida do vestido de noiva de Narizinho. Prometida ao Príncipe das Águas Claras.
Comprei o livro em um sebo, ou em frente à Igreja dos Remédios, e fui feliz. Foi quando quis saber quem era esse professor que escrevia fiel à alegria dos que experimentaram e gostaram de encontrar Lobato na infância.
Parabéns, professor Horácio!
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