[an error occurred while processing this directive][an error occurred while processing this directive] A última fechação | O POVO
10/01/2015

A última fechação

Referência nacional na arte transformista, a boate Divine fecha as portas após quase 15 anos. Espaço de shows e festas, a casa noturna deixa o Centro depois do valor do aluguel triplicar neste ano
notícia 7 comentários
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Paulo Renato Abreu paulorenatoabreu@opovo.com.br
Concepção Émerson Maranhão/ Arte Guabiras
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As noites na rua General Sampaio, no Centro, não terão mais o mesmo brilho. A boate Divine, até então a mais antiga da Capital em atividade voltada ao público LGBT e a única com espaço aberto para shows de transformismo, fechou as portas prestes a completar 15 anos de história. O motivo é o aumento do valor do aluguel do imóvel, que saltou de R$ 7 mil para R$ 20 mil. A casa noturna, que vendia ingressos a preços populares, não pôde se manter e não mais abrirá em 2015.

 

“Fortaleza perdeu uma mãe. Os artistas transformistas ficaram órfãos”, lamenta Paola Bracho, gerente da boate desde 2013. Ela reforça não ter havido nenhuma briga judicial envolvendo a casa, conforme especularam alguns dos frequentadores. O único motivo para o fechamento, afirma Paola, é que “ficou insustentável” manter aberto o casarão que abrigou muitos shows performáticos, concursos de drags e festas.


Sem que os funcionários, performers e frequentadores soubessem, 31 de dezembro foi a noite derradeira. A princípio, a gerência afirmou que o espaço entraria em “recesso por tempo indeterminado”. Porém, o letreiro da boate foi retirado, os equipamentos e móveis também e logo veio a confirmação. “Não fizemos festa de despedida. Os donos não queriam, seria uma coisa muito triste”, diz a gerente. Procurado pelo O POVO, Celso Leopoldino, um dos donos, preferiu não falar.


Para o bailarino e coreógrafo Júlio César Costa, o momento é de tristeza pelo fim do espaço que era “nacionalmente referência” na arte transformista. “A classe soberba colocava a Divine como uma coisa marginal, mas só quem estava lá dentro soube que era uma casa de livre acesso, que todo mundo podia pagar e que lançou vários artistas”, afirma Júlio, que dá vida à drag Adma Shiva. O artista integra o grupo seleto das “Divas” da boate, coletivo que se apresentava regulamente e que agora não tem novo reduto definido.

 

Novas Divines?

“Estamos na incerteza, mas os artistas já estão se juntando para estudar uma forma de ocupar novos lugares. Vamos para os espaços públicos, as praças, os teatros”, afirma Marcos André, assessor técnico de promoção da cidadania da Coordenadoria da Diversidade Sexual da Prefeitura de Fortaleza. Na última quinta-feira, as “Divas” se reuniram no Centro para buscar novos rumos. 

 

“Estamos pensando em ações e políticas públicas. Não vamos deixar que a Era de Ouro do transformismo se acabe depois de 14 anos”, completa André.

Além dos mais de 100 artistas que se revezavam nos shows, muitos outros profisisonais viviam direta ou indiretamente do funcionamento da boate. Eles agora esperam uma nova determinação sobre para onde o público migrará.


“Os donos não falaram nada ainda se vão abrir em outro lugar”, diz Paola Bracho. Enquanto isso, o elenco “Divas” prepara o show Divine Forever para o próximo dia 30, às 20 horas, na Cidade das Crianças. O objetivo é comemorar o aniversário simbólico de 15 anos da boate e provar que a performance trans cearense não vai parar.

 

REPERCUSSÃO

”A Divine apostou no trabalho das Travestidas. Eu depois virei apresentadora, foi um presente. A boate tinha um diferencial das outras que é valorização dos artistas. É uma perda muito grande para a noite LGBT”.

 

Denis Lacerda, humorista e ator do Coletivo As Travestidas


”Lá era o divertimento da população, principalmente, aqueles que não podiam pagar caro para curtir. Era importante por ser no Centro, as pessoas frequentavam lá à noite, podiam andar, pegar ônibus”.


Tina Rodrigues, presidente da Associação das Travestis do CE


”A Divine era a principal referência transformista no Nordeste. Alguns tinham preconceito pelo público de lá, mas as outras casas de Fortaleza não abrem as portas para nós. Foi de surpresa, mas vamos continuar”.


Lorrana Layser, performer

 

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espaço do leitor
ItaloSimple 11/01/2015 17:14
Nossa, fiquei muito triste com isso. Não esperava que isso fosse acontecer com a casa. :( #PawsUP
Valder Tchaka Bastos 11/01/2015 13:04
Boate Divine em Fortaleza é como a Nostro Mondo em São Paulo, palco das grandes divas do transformismo nacional. Todas as vezes que me apresentava na cidade ou mesmo em férias fazia questão de tomar minhas cervejas no "Le Quintal". Na Boate Divine a Tchaka me sentia Rainha das Festas, tris
Welton Trindade 11/01/2015 12:20
Força na luta pela cultura LGBT!
drika 11/01/2015 09:00
lamentável que isso deve que acontecer.fui algumas vezes fiz muitas amizades la dentro. vai deixar muita saudade...
Lipe 10/01/2015 23:21
deixará saudades. :-(
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