[an error occurred while processing this directive][an error occurred while processing this directive] Mamede sobre a Secult: "Não somos mais o patinho feio" | O POVO
CONTINUAÇÃO DA CAPA. 09/12/2014

Mamede sobre a Secult: "Não somos mais o patinho feio"

Nesta parte da entrevista, o titular da Secult, o jornalista Paulo Mamede, fala sobre o Cine São Luiz, equiparação salarial e os problemas do Centro
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THIARA NOGUEIRA EM 17/9/2013
Paulo Mamede: "Falta integração. O (Theatro) José de Alencar não dialoga com o (Centro) Dragão do Mar, que não dialoga com o Museu do Ceará... O Museu e o Sobrado dialogam"
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O POVO - O senhor fala de uma dinâmica neste último ano que é bem diferente do funcionamento da Secult ao longo dos outros sete anos da gestão Cid Gomes. O que mudou? O gestor, o prestígio da pasta, o ano eleitoral...?  Paulo Mamede - Isso é um problema histórico. Mas eu não me conformei com o quadro. Porque se fosse me conformar, eu enlouquecia. E eu não fui ali pra isso. Não quero dar um jeitinho. Quero ter soluções macro. Qual era o problema de financiamento? Fui ao Ministério da Cultura (MinC), Ancine (Agência Nacional do Cinema), BNDES, Tim, Oi, bancada cearense, Petrobras. Uma coisa importante que é preciso ser dita é que trouxemos recursos da Petrobras para a cultura do Ceará neste ano. O potencial de investimento aqui da Petrobras é de cerca de R$ 30 milhões a 40 milhões por ano. Dinheiro que nunca foi usado. Me explique isso! É culpa do governador? Não é. Conseguimos aprovar três projetos no ministério (da Cultura). Na Ancine, conseguimos um projeto lindo para instalação de 20 salas de cinema em 10 municípios do Interior.  

 

OP - O senhor citou a obra do Cine São Luiz, que será reinaugurado no próximo dia 22. A reabertura do espaço levanta uma expectativa em torno do Centro. O que esse equipamento pode fazer por aquela área?

Paulo Mamede - Se a gente não cuidar do Centro, não é o São Luiz que vai salvar. Nós temos ainda que desapropriar umas três lojas pra fazer um entorno decente (do São Luiz), pra que a pessoa possa chegar com conforto, com segurança. Tenho mais de cem moradores de rua na Praça do Ferreira. Já fui à Secretaria do Desenvolvimento Social, Polícia, porque lá já nasceu criança e já mataram gente em frente ao São Luiz.

 

OP - Como oferecer segurança pra quem vai ao São Luiz e não ter uma política de exclusão com a população que hoje ocupa o centro?

Paulo Mamede - Estive na Prefeitura e há projetos. Estamos conversando. É evidente que fomos engolidos pelo calendário. Se não tiver isso, nós vamos perder a briga. Não podemos deixar que o Centro se transforme numa cracolândia. E é o que está acontecendo. São famílias inteiras morando lá. São muitas crianças. Já fui no Conselho Tutelar, porque é um absurdo você sujeitar crianças àquela situação. Tem uma determinada hora que você não entra mais ali. Tem que fazer um trabalho articulado, de inteligência, pra não fazer uma política de higienização.

 

OP - E isso está sendo articulado para a inauguração do Cine São Luiz?

Paulo Mamede - Não dá tempo. Comecei esse diálogo, mas isso é uma política que não é a Secult que vai ser o carro-chefe.

 

OP - A Secult tem ainda outra obra grandiosa em curso no Centro, que é o complexo em torno da Pinacoteca, prevista para funcionar nos sete galpões da Rffsa. 

Paulo Mamede – São R$ 10,5 do BNDES, a Prefeitura já tem o recurso da praça. Aquela praça vai encostar (nos galpões), os trabalhadores vão descer do metrô dentro de uma galeria de arte, da maior galeria de arte do nordeste. A pinacoteca terá um museu interativo, sala de reserva técnica, pavilhão de exposições... O Museu da Imagem e do Som já está se mudando pra um dos galpões de lá. Haverá ainda o Museu da Gravura. Também terá o Criativa Birô, |um projeto da Secretaria de Economia Criativa do MinC. E, atrás dos galpões, tem uma casa linda – a casa do engenheiro, que eu consegui com o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

Papel assinado.


OP – O Centro reúne boa parte dos equipamentos culturais do Estado. Há um diálogo entre os gestores?

Paulo Mamede - Falta integração. O (Theatro) José de Alencar não dialoga com o (Centro) Dragão do Mar, que não dialoga com o Museu do Ceará... O Museu e o Sobrado dialogam. Nós precisamos de uma política que contemple esses equipamentos. Não dá pra Dragão do Mar ter uma política salarial e o José de Alencar ter outra. Não dá pro diretor do Dragão do Mar ganhar R$ 15 mil e a diretora do José de Alencar ganhar R$ 2,5 mil. Hoje é assim. Não existe uma política. Não existe cargo. É tudo terceirizado.

 

OP - O senhor buscou esse diálogo? 

Paulo Mamede - Todos eram convidados pra uma reunião que acontecia todas as terças-feiras com os equipamentos pra fazer esse diálogo. Acredito que, com a Plataforma de Circulação (edital que selecionou 16 grupos de artes cênicas e música com recursos para circulação na Capital e Interior), será mais fácil. Ela obriga esses equipamentos a terem um diálogo.

 

OP – Além da Biblioteca Menezes Pimentel, quais obras licitadas não tiveram início?

Paulo Mamede – Casa Thomaz Pompeu Sobrinho, Arquivo Público, Museu do Ceará, Casa de Antônio Conselheiro, em Quixeramobim. Vamos entregar em Quixadá o Memorial do Cego Aderaldo. Licitamos todas. Aí vem uma questão de governo.

O governo não pode fazer todas as obras ao mesmo tempo. O que me angustia quando eu vejo determinadas discussões é que parece que a cultura ainda é o patinho feio da administração. Desafio qualquer secretaria que teve essa dinâmica no último ano. Não somos mais o patinho feio. Não queira mais me imputar isso.


OP - Mas foi por sete anos.

Paulo Mamede - Sete anos, não. Quarenta. Não é mais.

A gente deu outra dinâmica.


OP - Os Pontos de Cultura enfrentam problemas burocráticos e políticos que inviabilizam parte da condução do projeto no País. O que foi feito para retomar essa política no Ceará?

Paulo Mamede – Quando assumi, o Chico da Matilde – o pontão da secretaria, que funciona no (prédio do) São Luiz, estava fechado. Com chave! Tinha problema desde o começo. Primeiro, o MinC passou um ano sem repassar recurso. Depois as pessoas não têm a capacidade de fazer prestação de contas. Mas, aos poucos, fomos revertendo. Tinha Ponto de Cultura parado. Nós fomos atrás pessoalmente. Mandamos equipe por regionais. Aí veio o período eleitoral e não tivemos como dar sequência ao trabalho. Criamos um bureau com advogado e contador para atender o pessoal dos Pontos de Cultura. Reabrimos o Chico da Matilde. Botamos pessoal lá, não faltou pessoal. Esse foi um trabalho muito bem organizado.

 

OP - O senhor tem participado de conversas com a equipe do governador eleito. Qual sua influência sobre a escolha do novo secretário?

Paulo Mamede – Vou colocar todas as informações à disposição do secretário que o governador eleito indicar. Não poderia ser diferente, não estou pleiteando nenhum cargo, minha missão acaba no dia 31 (de dezembro), mas evidente que quero participar da discussão. Mas não estou negociando nada.

O compromisso que eu pedi ao Camilo (Santana) foi com 1,5% do orçamento do Estado destinado à cultura, concurso e essas obras que citei. E isso ele já assumiu publicamente. Vou deixar essa secretaria com uma perspectiva de recursos muito boa. Então vou querer cobrar também. Serei o melhor apoiador, mas serei também o primeiro a levantar a voz se eu vir desvio de conduta ou falta de transparência do interesse público. O secretário deve ser uma pessoa que tenha compromisso, que não coloque seu ego acima dos interesses públicos. Tem que ser um nome que dialogue, que una. Não estou pleiteando cargo, já tenho minha vida definida a partir de 1°/1. Estou perto de me aposentar e quero ter uma vida mais regrada, mais tranquila. Não é nem que eu queira, é que a vida exige. Mas eu estou com muita esperança mesmo, principalmente por conta do empenho do Camilo e do Tiago (Santana, irmão do governador). Muita esperança que venha um nome... a cultura precisa. Chega de sofrimento.

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