[an error occurred while processing this directive][an error occurred while processing this directive] Uma família chamada Brasil | O POVO
CIRCO MIRTES 20/10/2013

Uma família chamada Brasil

NO BAIRRO BOM JARDIM, a família de Ciro dos Santos Brasil, vive o circo na essência. Ao lado de sua esposa, Lúcia, e seus sete filhos, o palhaço cuida de levar adiante a tradição aprendida com os pais
EDIMAR SOARES
Ciro, Lúcia e seus sete filhos levam adiante a tradição de circo mambembe. O primogênito (à direita), Anderson, é o palhaço Baratinha desde os quatro anos e é hoje a principal atração do Circo Mirtes
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A vida no circo pequeno é só encantamento. É o que acredita o artista circense Ciro dos Santos Brasil. Natural de Santarém, no Pará, ele se diz representante fiel do circo tradicional. Aos 40 anos, o palhaço Tripinha é filho, sobrinho, tio e pai de outros palhaços. Começou vigiando arame, no circo onde os pais trabalhavam.

 

Viajou o Pará, o Amazonas e a Guiana Francesa com a trupe do pai (o palhaço Pimenta), junto da mãe, Francisca dos Santos Brasil (que ficou conhecida por Mirtes), e os quatro irmãos. A doença da avó materna, no entanto, trouxe a família para Fortaleza. “Enquanto o pai e a mãe estavam no circo, ficávamos na casa de minha avó. Mas, de repente, meu pai separa de minha mãe e lá vai aquele negócio (inspira). Desestruturou a família toda”, recorda Ciro.


Mirtes chegou a montar um circo próprio, na década de 1990, aceitando a proposta de um vendedor de rua. “O galego chamava Murilo e nos deu uma esperança. Muitas vezes a gente dormia sem jantar ou amanhecia sem comer um pão, uma farinha... Mas com a iniciativa de minha mãe, nunca mais a gente precisou pedir dinheiro emprestado. O circo foi só evoluindo”.


Ciro e os quatro irmãos trabalhavam no picadeiro do Circo Mirtes, que já foi Krisley Circo, Circo de Napoli e Meridiano, mas ficou batizado com o nome da mãe quando ela faleceu em 2002, aos 62 anos. Como os irmãos seguiram viagem em outras trupes, Ciro se viu responsável por continuar o que a mãe havia construído. “Ela cumpriu um ciclo e eu preciso seguir com esse sonho”.


Ciro Brasil nunca gostou de ser palhaço, na verdade. Tinha vergonha de sair anunciando que aquele dia teria espetáculo, sim senhor. Mas reconhece que pra pintar o nariz é preciso ter dom. “A gente não aprende a ser palhaço, a gente já nasce”.


Hoje quem leva o Circo Mirtes adiante é Ciro, sua esposa Lúcia Pereira, 33, e os sete filhos: Anderson, 16, Wenderson, 14, Ciro Júnior, 12, Samara, 10, Mara, 8, Naiara, 5 e Tamara, 3.


Com orgulho, relembra quando o primogênito decidiu assumir o picadeiro. “Via Anderson de manhã repetindo tudo o que a gente fazia de noite. Um dia, perguntei se ele queria ser palhaço e ele disse que sim. Eu pedia pra ele repetir as palhaçadas, mas que fosse dizendo as palavras do contrário. No primeiro dia dele, fiquei do lado. E aí entrou o palhaço Baratinha. Ele tinha 4 anos, com uma peruca loira de herança, a vozinha bem fininha. Quando foi no dia seguinte, era o povo pedindo pra ver o palhaço Baratinha”, relembra o pai, sobre o nome escolhido por dona Mirtes para o neto.


Hoje com 16 anos, Baratinha é a grande atração do circo. “O que me chamava a atenção não era nem tanto ver os mais velhos trabalhando; era a reação do público. Eu achava legal eles fazendo o povo rir”, justifica o menino, que não se considera tímido, mas não lhe peça para fazer uma palhaçada sem estar com a cara pintada. “Detrás da maquiagem eu sou o Baratinha, mas se eu tirar a tinta não sei fazer mais nada”.


Assim como o esposo, Lúcia Pereira tem trajetória circense. Trabalhou no circo do tio até o dia em que conheceu Ciro e dona Mirtes. Artista do balé aéreo, ela repassa aos filhos as técnicas do contorcionismo, da lira, do tecido, sem nunca impor um número específico. Deixa que as crianças escolham o que querem fazer. “Cada um tem seu dom”, ela acredita.


Lúcia diz que as pessoas admiram a vida que eles levam. Porque mesmo com toda essa mudança, os meninos não deixam de estudar. Os mais velhos, que podem pegar ônibus, permanecem mais tempo numa escola. As pequenas são matriculadas em colégios mais próximos de onde o circo está. “E assim vai. A gente tem um sonho, que se Deus quiser vai se realizar. Que eles vão se formar pra mostrar que o circo tem futuro sim, que eles podem ser o que quiserem: advogado ou juiz ou qualquer outra coisa, porque o circo precisa de quem cuide da burocracia. Se eles quiserem seguir, bem. Senão, também ninguém vai forçar”, diz a mãe.


A rotina de trabalho é diária. De domingo a domingo, a família Brasil apresenta espetáculo. Os ingressos custam R$ 2 ou R$ 3. De sexta a domingo, chegam a contar 200 espectadores na plateia.


A família Brasil não tem CEP. São cidadãos de um mundo chamado picadeiro, essa casa nômade que finca novas raízes aonde é possível esticar a lona. Na próxima sexta, 22, já seguem para o novo endereço: rua 23 de Junho com rua Taubaté, sem número, no bairro Granja Portugal. E já estão todos convidados, porque o espetáculo continua.

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espaço do leitor
Best excel 20/10/2013 12:01
É um crime de lesa-pátria PRIVATIZAR o PETRÓLEO do PRÉ-SAL. http://www.youtube.com/watch?v=htT-s8XIS9s&feature=youtu.be
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