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Surpresa. Foi essa a palavra mais usada pela ex-prefeita Luizianne Lins (PT) sobre a decisão judicial que a deixou inelegível por oito anos. Na avaliação dela, a condenação é parte de uma conspiração política de seus opositores, que estariam “com medo de uma candidatura própria do PT” ao Governo do Estado. Aliás, a confiança na reversão da sentença é tamanha que a ex-prefeita já se coloca como pré-candidata ao Palácio da Abolição. Seus aliados citam o que ocorreu em 2004, quando ela se elegeu prefeita mesmo sem apoio da maioria do partido.
“Foi uma surpresa, achei que era piada, até porque não sou nem citada no processo”, disse Luizianne, durante evento realizado ontem na Assembleia Legislativa pelas alas do PT que defendem candidatura do partido ao Governo. A ex-prefeita cita que teve conhecimento da decisão por meio da manchete do O POVO da última quinta-feira. Na decisão expedida no início da semana, o juiz Josias Menescal considera Luizianne responsável direta pela coação e demissão em massa de terceirizados durante a campanha eleitoral de 2012.
Classificando o entendimento como “absurdo” e “surreal”, a ex-prefeita sustenta que não teve nenhuma responsabilidade por eventuais mudanças no quadro de terceirizados do Município. “Terceirizado, quem demite e quem contrata é a empresa, não passa nem por mim como prefeita. Não tem nada a ver. (...) Esperamos reverter esse absurdo que estamos vendo aqui.” Luizianne adianta que nos próximos dias vai apresentar recurso à decisão no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-CE) e, se for preciso, recorrerá ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Possível candidatura
Foi a primeira vez que a petista comentou a condenação e a segunda em que falou sem rodeios sobre possível candidatura ao Governo. Em entrevista ao DOM do dia 26 de janeiro, publicação do O POVO, ela já havia afirmado que “topa ser candidata à sucessão de Cid Gomes”. A ideia tem apoio do senador José Pimentel, que não compareceu ao evento de ontem, mas enviou representante que confirmou adesão à tese.
Luizianne afirma que vem mantendo contato frequente com o senador Eunício Oliveira (PMDB), outro pré-candidato ao Abolição. Dele teria ouvido o relato de uma conversa ocorrida na semana passada entre o vice-presidente Michel Temer (PMDB) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“O Lula disse que, se a base aliada não estiver unida, estará toda separada, porque o PT vai ter candidatura e a candidata seria eu”, descreveu. A ideia de candidatura própria do PT foi rechaçada de forma veemente pelo presidente estadual do partido, Diassis Diniz, na última terça-feira. Ele chegou a garantir que “o candidato ao Governo do Estado não irá sair do PT”.
Luizianne disse que deverá se encontrar com Lula até o fim deste mês para discutir a sucessão. Enquanto isso, o deputado estadual Antônio Carlos e o vice-presidente estadual do partido, Raimundo Ângelo, tentam fortalecer a defesa da postulação nas instâncias internas da sigla.
SERVIÇO
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Bastidores
Ao chegar ao local do evento, Luizianne foi recebida com gritos de “pra Dilma ser vencedora, Luizianne governadora”.
As falas da ex-prefeita foram novamente permeadas de críticas ao governador Cid Gomes e ao prefeito Roberto Cláudio.
Ela disse que 2013 foi um ano “muito difícil” porque viu o atual prefeito “destruindo” o que ela tinha feito.
“O Cid pra mim foi uma grande decepção. É muita extravagância pra pouco trabalho”, criticou.
“O problema deles é que eu não tenho preço. (...) Eles que me aguardem, porque eu vou e volto”, avisou.
Por várias vezes, a ex-prefeita se atrapalhou ao tentar pronunciar a palavra “inelegibilidade”, quando falava sobre sua condenação na Justiça Eleitoral.
Integrantes da corrente interna de Luizianne no PT citaram o nome dela e do senador Pimentel como possíveis candidatos ao Governo.
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